Maníaco do Parque, dirigido por Maurício Eça, é um thriller psicológico que mistura os elementos de true crime com uma sensibilidade rara para o gênero. Baseado no caso real de Francisco de Assis, o "Maníaco do Parque", que sequestrou, estuprou e matou várias mulheres na década de 1990, o filme toma uma abordagem respeitosa, focando mais na investigação e nas consequências do crime do que na violência explícita. Em vez de explorar cenas gráficas, que são comuns em outros filmes do gênero, como Dahmer ou Ted Bundy, Eça escolhe destacar a jornada de Elena (Giovanna Grigio), uma jovem jornalista que, em um ambiente de trabalho machista, se dedica a dar voz às vítimas do assassino.
A decisão de não mostrar as atrocidades cometidas por Francisco (Silvero Pereira) é uma escolha significativa, que honra a memória das vítimas, mantendo o foco na figura da investigadora e na misoginia enfrentada pelas mulheres em um contexto de jornalismo sensacionalista. A narração foca nas dificuldades enfrentadas por Elena, que, apesar de sua dedicação, é constantemente silenciada pelos colegas veteranos (Marco Pigossi e Bruno Garcia), que acabam monopolizando a cobertura do caso.
A direção de Eça, habilidosa e cuidadosa, cria uma atmosfera tensa sem recorrer à violência explícita. A reconstituição de época, com uma trilha sonora imersiva que remete aos anos 90, ajuda a contextualizar o filme, enquanto o elenco entrega atuações sólidas, com destaque para Giovanna Grigio e Silvero Pereira, que interpretam seus papéis com profundidade e autenticidade. A escolha de não expor as cenas de brutalidade é ousada, mas eficaz, fazendo com que o filme seja, ao mesmo tempo, perturbador e respeitoso.
Maníaco do Parque é uma análise provocativa e sensível de um caso real, oferecendo uma visão complexa e respeitosa, ao mesmo tempo em que se mantém fiel à atmosfera de suspense e à reflexão sobre os limites entre o jornalismo e a exploração da dor alheia.