Em geral, um filme de Lars Von Trier dispensa apresentações, em se tratando de um diretor único e com uma leva de admiradores. Contudo, se fosse apresentar Ninfomaníaca em poucas palavras, seria: um bom filme de sexo.
Essas duas palavras, “bom” e “sexo”, raramente aparecem juntas quando se trata de cinema, acostumados como estamos ao ver o sexo banalizado na tela com representações clichês e baratas.
As duas palavras raramente aparecem juntas, quiçá para muitas pessoas, em especial, mulheres, historicamente coibidas quando o assunto é prazer. E é este o tema que Lars escolhe para cutucar a ferida, a sexualidade feminina, quase sempre sinônimo de pecado, luxúria e desvio de caráter. Como a protagonista sempre nos lembra: “Eu sou uma pessoa ruim.”
Antes que qualquer um possa se equivocar, não, não é um filme feminista, tampouco um filme moralista, menos ainda, um filme erótico, apesar do tema.
Lars se desafia enquanto diretor ao eleger um tema hoje tão banalizado no cinema como o sexo e levá-lo a outro patamar artístico, menos pela história que conta, mas mais por como conta. O diretor dinamarquês prova saber fazer de qualquer assunto uma obra de prima.