Uma pergunta: o que aconteceria no final de um encontro inusitado sendo este quando um idoso (solitário já há algum tempo) encontra uma mulher deveras atraente e mais jovem, largada na rua e machucada, e ela, após ser acolhida pelo senhor desconhecido, resolve contar todas suas experiências sexuais para provar o quanto ela é má e mereceu o que lhe aconteceu? Ok, congela! Guarde a resposta para si, por enquanto..... Uma pequena explicação antes de mais nada: neste trabalho do polêmico diretor Lars von Trier (que também assina como roteirista e foi declarado como persona non grata no festival de Cannes após certa apologia ao "Bigodin nazista"), foi produzido um longa-metragem de 5 horas (looooonga mesmo) com muito sexo, beirando ao pornô. Porém, se Trier quisesse que sua película fosse exibida nas telas de cinema, o filme deveria ser dividido em duas partes e com menos "nhec nhec nhec". Daí que vem o porquê que se tem uma abertura com uma cartela revoltosa que diz que o projeto foi reeditado com a permissão mas sem a participação do diretor e tal ato se repete ao longo do conto. Taí a explicação de termos dois volumes e porque este primeiro acaba do nada. Com um elenco de peso, o enredo se sustenta, por mais que a narrativa seja lenta (também, cinco horas???? É Viagra?), esta se demonstra interessantíssima não apenas pelo drama vivido pela protagonista, mas sim pelas relações do ato sexual com pesca, música, botânica e matemática. Na trama, que começa com uma Trilha Sonora pesada sensibilizando o que está por vir, a personagem Joe (interpretada na fase "madura" pela experiente atriz Charlotte Gainsbourg e na fase "jovem", pela atriz não tão experiente Stacy Martin) conta resumidamente ao seu benfeitor Seligman (o ator Stellan Skarsgard manda muito bem neste papel) sua vida em oito capítulos, sendo aqui apresentado quatro deles, então, é visto mais de sua juventude, passando rapidamente pela infância e explorando a adolescência e a entrada na fase adulta. É apresentado um diálogo entre Joe (adulta) e Seligman mesclando com a trajetória dela conforme ela vai crescendo, mas isso não chega a ser confuso, muito bem editado e dirigido. Trier mostra sua visão sobre as sensações prazerosas que um menina pode ter em seu crescimento e como ela pode reagir a se entregar a tal prazer, chegando a negar o amor pois tal sentimento lhe estragaria seus desejos, trazendo os com pudor (que poeta). Nesta primeira parte Joe está se viciando e gostando, muito! Paralelamente, vai acontecendo as relações de Seligman, o que alivia a tensão dramática. Temos nudez, temos sexo e o tema tabu existente em torno da vida sexual de qualquer mulher, mas nada (até então) impactante. Trier também é famoso por explorar sexualmente seus atores, colocando os na ativa mesmo sobre holofotes (haja Cialis). Siiiiim, temos tetas, curvas, "perseguidas", "salsichón/linguiça" de todos os tipos (quase um menu), "peru no pãozinho", "bolagato" em inglês, "porta dos fundos" e quase todo o repertório de um mini Kama Sutra a lá Lars von Trier, tudo "nu e cru" em quatro paredes, mas como disse anteriormente, o curioso é mesmo a relação feita entre cada episódio da vida de Joe com os conhecimentos de Seligman. Sobre a produção, percebi cortes de cenas muito mal feitos (no mínimo de três a cinco) mas que podem passar despercebidos e uma coisa me intrigou: é mostrada a pessoa Joe desde menina até adulta e nas diferentes fases, cada atriz que a interpretou, possui uma cor diferente de seus olhos, seria um erro grotesco ou seria proposital com certa mensagem subliminar? Chama o Freud que TALVEZ ele explica..... Voltando sobre atuar, destaque para Uma Thurman (que já brilhou em KILL BILL vol. 1 e 2 de 2003 e 2004 e PULP FICTION: TEMPO DE VIOLÊNCIA de 1994), que arrasa no capítulo em que se apresenta e neste, temos todo o humor sarcástico do diretor. No desfecho, começamos a ter os efeitos que um viciado começa a ter ao se "intoxicar" demais de seu vício e acaba deixando com aquele ponto de interrogação na cara (positivamente, com o sentimento de querer saber o que acontecerá e não igual ao que tive quando uma porta de elevador se fechou.....)...