Nesse filme temos dois cientistas tentam alertar o governo sobre a iminente ameaça de um meteoro gigantesco, capaz de dizimar a vida na Terra. No entanto, deparam-se com uma presidente desinteressada e uma imprensa omissa, cujo foco está mais voltado para si do que para a sobrevivência do planeta. Nesse contexto, a trama satírica da obra se destaca pela construção extremamente bem elaborada, unindo-se aos apontamentos que faz sobre a surreal realidade social e política que enfrentamos durante a Pandemia da Covid, explorando todos os aspectos do negacionismo científico e das falsas teorias conspiratórias.
Desse modo, a obra retrata um conjunto de críticas de maneira clara e direta, utilizando habilmente o humor e personagens caricatos, unindo o sério com nonsense. Além disso, oferece uma análise bem elaborada com tom satírico dos mecanismos de controle político e midiático aos quais a sociedade está constantemente sofrendo, apontando o perigo de ter pessoano poder que são despreocupadas com o bem comum. Por outro lado, também ressalta o risco da falta de conhecimento científico por parte da população, o que resulta no triste fenômeno do negacionismo e de pessoas que se aproveitam dessa situação para cometer atrocidades.
No plano de fundo da trama, encontramos uma ironia que aborda os jogos de poder envolvendo interesses do governo e corporações capitalistas, revelando a ganância humana. O próprio protagonista é submetido a uma corrupção de valores, optando pela negação da verdade em prol dos seus objetivos. Dessa forma, o filme mergulha profundamente no impacto negativo das teorias conspiratórias no comportamento humano, utilizando, de maneira magnífica, recursos como o sensacionalismo e a superficialidade, os quais também demonstram que, muitas vezes, a realidade pode ser assim.
Dito isso, embora a obra seja aparentemente óbvia em sua crítica por usar metáforas simples, revela-se uma comédia inteligente, conectando os elementos de forma coesa. Além disso, a trilha sonora do filme contribui de maneira significativa, harmonizando-se perfeitamente com o enredo e acentuando ainda mais a sátira presente na narrativa. A edição, com cortes precisos e lances de câmera interessantes, incluindo alguns momentos propositalmente mais amadores, é bem executada. No geral, “Não Olhe Para Cima” é um lembrete para não aceitarmos passivamente todas as informações que nos são relatadas, mas sim buscar a informação e questionar. Devemos evitar negar a realidade com base em crenças pessoais e ser capazes de admitir nossos erros e enfrentar a realidade.