É um filme sobre negacionismo e fim do mundo. O filme meia-boca, com boa dramaturgia. é uma metáfora que serve para tudo e qualquer coisa. Um meteoro, primeiro negado, depois aproveitado por um
governo, pode ser uma doença mortal que vai destruir a Terra, a perda da liberdade de trabalho e de ir e vir, vista claramente sobre nossas cabeças por uma comunidade científica que deseja lucros exorbitantes através da tragédia ou o domínio ditatorial progressivo de países da América Latina que sucumbem ao aceno populista de caudilhos de esquerda, com promessas progressistas que oferecem segurança, esmagam a liberdade e impõem a fome e a miséria a seus cidadãos ludibriados. Perifericamente, críticas a uma mídia acéfala, superficial e sensacionalista se somam a interesses escusos de donos de empresas de celulares, computadores e engajamentos ideopatas, histéricos e passionais coletivos de redes sociais. O filme soa óbvio de tão explícito que é em sua crítica. A realidade parece ser bem mais surreal que a própria ficção apresentada, se percebemos que o longa foi feito exatamente com recursos e incentivos de quem crítica (uma ditadura sócio-cultural progressista financia as produções da Netflix e toda uma ideologia progressista por trás). O coronavírus foi a ponte para a tentativa cada vez mais real de comando absoluto de entidades não eleitas como ONU e OMS, que comandam sua vida física, o que você pensa e o que faz. Tudo pelo seu bem. A teoria da conspiração da realidade é muito mais ampla e realista que a farsa apocalíptica. “Não Olhe Para o Lado” seria o título do negacionismo progressista.
O curioso filme, elaborado como alerta progressista, vai além de seus interesses políticos. Bom que seja assim, como obra de arte. “Não Olhe Para Cima” é uma boa dramaturgia, caso não se leia o filme como o que ele pretende ser: uma crítica metafórica ao “negacionismo conservador”. Diabolicamente, esqueça a intenção do diretor e terá uma crítica real à superficialidade da mídia e das redes sociais, que são essencialmente comandadas por progressistas que financiaram o filme. Se conservadores fizessem uma arte (ou entretenimento de marketing) tão persuasiva como os progressistas — e que fosse além dos moldes ideológicos da intenção do próprio autor —, teríamos uma guerra cultural justa. Só faniquito raivoso e indignado não constrói um alicerce cultural.
No Brasil, por exemplo, tivemos o maior criminoso corrupto da história da República, Lula, solto da prisão e colocado como favorito às eleições à Presidência. Temos um Judiciário leniente com o crime e que arruinou a única força-tarefa judicial que combateu a corrupção de colarinho branco. Temos um dos maiores oposicionistas de Lula implorando para ser seu vice, enquanto um presidente é acusado de fascista e genocida por ter clamado por liberdade de expressão e de trabalho, e seus aliados são presos sem processo, por crimes de opinião. Temos um roteiro pronto de uma realidade surreal que espantaria George Orwell, Franz Kafka ou o mais alucinado dos autores. A realidade no mundo e no Brasil superam em muito a ficção.