Continuação: Os 20 melhores filmes dos últimos 20 anos, escolhidos pelo AdoroCinema.
Mad Max: Estrada da Fúria (2015)
O Mad Max do século XXI que saiu da cabeça do veterano George Miller acabou se revelando o filme de ação mais frenético, brutal e exuberante produzido nos últimos 20 anos. Comparada à morosidade natural dos longas originais da franquia lançados na década de 1980 (dirigidos pelo próprio Miller), Estrada da Fúria parece mesmo algo vindo do futuro, ainda que os recursos empenhados no filme não sejam exatamente modernos: efeitos visuais quase cem por cento práticos, locações reais lindamente desoladoras e performances viscerais do elenco inspirado -- aliás, a Furiosa de Charlize Theron já é um dos maiores ícones femininos do Cinema e provavelmente jamais perderá seu lugar cativo.
Divertida Mente (2015)
Há décadas, as animações da Pixar são conhecidas pela capacidade impressionante de entreter crianças com a mesma intensidade com que emocionam adultos. E esta máxima prova sua eficiência com Divertida Mente, grande merecedor do Oscar de Melhor Animação em 2016. A história acompanha as emoções — Alegria, Tristeza, Nojinho, Medo e Raiva — de uma adolescente em crescimento, mas há bem mais do que parece por trás dessa simples premissa. Em se tratando de uma obra voltada ao público infantil, é digna de aplausos a forma lúdica e respeitosa com que a animação transmite mensagens relevantes sobre temas-tabu como depressão, a aceitação da tristeza e o esquecimento da infância, na figura do amigo imaginário.
Que Horas Ela Volta? (2015)
A crítica às históricas desigualdades na sociedade brasileira é a mensagem óbvia por trás desta obra delicada dirigida e escrita por Anna Muylaert, mas o que encanta em Que Horas Ela Volta? é o realismo dos diálogos e de suas cativantes interpretações. Regina Casé está afável como nunca na pele da inesquecível empregada doméstica Val, representando o coração pulsante de uma trama que tão bem exprime e problematiza as complexidades invisíveis das relações humanas.
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A Chegada (2016)
Filmes sobre visitas de seres extraterrestres representam um dos temas favoritos de Hollywood há décadas, mas poucos conseguiram tratar o tema com tamanha acessibilidade e empatia como o exuberante longa de Denis Villeneuve. Ao tratar os alienígenas como seres pacíficos e incompreendidos, A Chegada nos ajudou a enxergar com menos medo e mais encanto a possibilidade de eles realmente “chegarem” a nós — e ao que tudo indica, este dia está cada vez mais próximo.
La La Land (2016)
Vencedor de seis estatuetas no Oscar 2017 — e quase levando o prêmio principal, se não fosse por uma infame troca de envelopes — La La Land - Cantando Estações representa o retorno à era dos Musicais que o século XXI merece. Dirigido pelo prodígio Damien Chazelle, com temas memoráveis compostos por Justin Hurwitz, Benj Pasek e Justin Paul, e estrelado pelo "casal ternura" Emma Stone (que venceu o Oscar) e Ryan Gosling, é um filme apaixonante, feito sob medida para emocionar e deixar marcas definitivas nos românticos incuráveis.
Moonlight (2016)
Moonlight: Sob a Luz do Luar não é para qualquer um, mas os dramas que o filme apresenta são comuns a qualquer tipo de pessoa. Acompanhamos três momentos distintos da vida do jovem Chiron, evidenciados por seus conflitos com identidade e sexualidade, a ausência de uma figura paterna e os dramas ocasionados pelo crescimento em situações de vulnerabilidade. Contrariando prognósticos e rompendo tabus, o longa dirigido por Barry Jenkins venceu o Oscar de Melhor Filme apresentando uma narrativa visual de rara delicadeza, que fica afixada na memória afetiva até dos mais insensíveis cinéfilos.
Corra! (2017)
Disfarçado de thriller de suspense recheado de gatilhos, Corra! é um comentário social tão incômodo quanto necessário. Sem pudores e falsas verdades, o filme lida com o racismo estrutural incrustado em nosso dia-a-dia, de um modo escancarado como poucas obras recentes ousaram fazer, mas totalmente apropriado ao mundo desequilibrado em que (infelizmente) nos acostumamos a viver. Versado em comédia, Jordan Peele escreveu, dirigiu e embutiu a cada cena seu comentário de acidez notável, que provoca, machuca e continua a nos fazer pensar.
Homem-Aranha no Aranhaverso (2018)
Quando todos pensavam que o gênero "filmes de super-heróis" estava fadado a se estabelecer como uma pilha de clichês, surgiu esta pérola da animação que impressiona em todos os sentidos. Trata-se de uma história encantadora, divertida e bem contada, com um visual exuberante que brinca com os gêneros artísticos, tudo embalado pelo carisma do “Amigão da Vizinhança” (ou múltiplas versões dele). Mais do que um desenho animado irrepreensível, Homem-Aranha no Aranhaverso propõe um futuro muito bem-vindo para as narrativas de seres poderosos que o público tanto demonstrou amar no século XXI.
Bacurau (2019)
O cinema brasileiro viveu um ano histórico em 2019, e Bacurau se tornou a personificação do sonho antigo de que o Brasil é capaz de produzir bons filmes de gênero que consigam arrastar o grande público aos cinemas enquanto geram assunto fora das rodas de aficionados. Misturando suspense, faroeste, aventura e toques de terror, a obra conjunta de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles choca, confunde e é eficaz ao criar conexões profundas entre a plateia e seus personagens e momentos surreais. Retratado na telona está o mais puro espírito brasileiro de agora, injustiçado e agredido, mas que jamais desiste de lutar.
Parasita (2019)
Veio da Coreia do Sul o filme que melhor representa as dramáticas dicotomias do mundo atual. Cineasta criativo e virtuoso, Bong Joon-ho retrata com maestria a dinâmica entre integrantes de duas famílias que se aproveitam impiedosamente uns dos outros, esfregando na cara do público a inconveniente questão mais relevante da atualidade: por que uns têm tanto, enquanto outros têm tão pouco? Parasita não traz respostas de fácil digestão, e o caminho que utiliza para alcançá-las é sombrio e jamais confortável. Mas foi com essa fórmula perturbadora que a obra encantou audiências pelo planeta e arrecadou todos os prêmios em 2020. Mais do que isso, este é o filme que representa como nenhum outro a indiscutível importância das histórias cinematográficas no século XXI.
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Quem votou: Amanda Brandão, Antoine Clauzel, Barbara Demerov, Bruno Martins, Caio Garritano, Caqui Bandeira, Caroline Simões, Fernanda Pineda, Fernando Leal, Igor Souza, Ingred Gonçalves, João Renato Melo, Juliana Amorim, Kalel Adolfo, Katiúscia Vianna, Luisa Rodrigues, Natália Artemenko, Nathalia Jesus, Pablo Miyazawa, Paola Piola, Roanna Cunha, Vitória Pratini e Ygor Palopoli.
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