Em Sequestro no Espaço, um criminoso interpretado por Guy Pearce ganha outra chance em um futuro distante. Quando a filha do presidente dos Estados Unidos (Maggie Grace) cai nas mãos de detentos em uma prisão futurista no espaço, o protagonista recebe a missão de libertá-la. Parece um enredo bastante original, mas se você é um fã ferrenho do gênero, provavelmente está pensando em outro filme bem parecido.
O filme pode ser familiar para quem assistiu Fuga de Nova York, de John Carpenter. Quase 30 anos se passaram entre um filme e outro, mas isso não é tempo suficiente para esquecer o clássico dos anos 80. Embora as semelhanças sejam comuns em produções de Hollywood, esse caso foi levado à Justiça e acabou em multa. Você conhecia o caso John Carpenter vs. Luc Besson?
COMO FOI O PROCESSO?
Embora Sequestro no Espaço tenha sido dirigido por Stephen Saint Leger e James Mather, Luc Besson esteve muito presente no desenvolvimento da produção. Como produtor, ele não só contribuiu com sua visão em algumas decisões, como também inventou a história, como mostram os créditos da fita. Mas, John Carpenter sentiu que o enredo era muito semelhante ao de Fuga de Nova York e sua sequência, Fuga de Los Angeles, e decidiu processar Besson.
Em 2015, um tribunal francês decidiu que existia plágio e determinou que o francês tivesse que pagar 80 mil euros, dinheiro que iria para Carpenter, o roteirista Nick Castle e a empresa detentora dos direitos.
"O tribunal notou muitas semelhanças entre os dois filmes de ficção científica: ambos apresentavam um herói atlético, rebelde e cínico condenado a um período de encarceramento isolado — apesar de seu passado heróico — a quem é oferecida a chance de se libertar a República", determina um extrato da decisão, de acordo com o IndieWire.
O tribunal observou que os elementos que deram ao Fuga de Nova York sua "aparência e originalidade particulares" foram reproduzidos no filme de 2012. Como você pode imaginar, o resultado do julgamento não agradou ao diretor de O Quinto Elemento e sua equipe jurídica argumentou que ele não precisava copiar nenhuma história.
Na cabeça dele parecia ótimo, mas na realidade era uma péssima ideia. O novo tribunal não só considerou que "os elementos centrais foram copiados massivamente", mas também que a punição da primeira instância havia sido muito baixa e a multiplicou por cinco. Besson teve que pagar 465 mil euros ao cineasta. Uma quantia consideravelmente maior, mas, ainda assim, bem abaixo dos 2 milhões que Carpenter pediu.
E ALÉM DISSO, NÃO TEVE UMA BOA RECEPÇÃO
Toda essa coisa de plágio poderia ter permanecido uma anedota para Besson se o filme tivesse sido um sucesso, mas não foi. Sequestro no Espaço não foi bem recebida nem pelo público, nem pela crítica.
É uma ação divertida com uma boa atuação de Guy Pearce, mas certamente não se compara ao filme de Carpenter. Enquanto o filme de 1981 respirava frescor, o de 2012 acaba sendo uma mistura de elementos do gênero sem se destacar em nada em particular.