Mesmo tendo nos deixado em setembro de 2012, o legado de Hebe Camargo jamais será esquecido. A artista – que fez sua estreia na televisão como cantora, em 1950, na TV Tupi – nunca perderá seu posto entre os maiores ícones da história da televisão brasileira, especialmente no SBT, onde trabalhou por 24 anos.
Aliás, é curioso pensar que uma personalidade tão marcante quanto Hebe nunca chegou a ganhar um lugar na programação da TV Globo. Houve até planos de trazê-la para a equipe de talentos da emissora carioca, mas algo sempre impediu que esse projeto se concretizasse.
"Resolvi proteger a Hebe Camargo"
O ex-diretor da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho – ou simplesmente Boni –, era um grande amigo de Hebe. Ele, inclusive, já confessou que sempre teve muita vontade de levá-la para a "plim-plim", mas sabia que a união não teria como funcionar. "Eu resolvi proteger a Hebe Camargo", disse Boni em um vídeo publicado em seu perfil no TikTok.
"Ela [Hebe] me dizia: "Boni, por que você não me contrata? Sou a única pessoa que não vai para a TV Globo'. Digo: 'Porque você vai chegar lá e durar um dia! Não vão deixar você fazer o que faz, não vão te dar liberdade e você vai sair [da emissora]'."
Há alguns anos, em entrevista para a rádio Jovem Pan, Boni chegou a dizer que a apresentadora era mais difícil de controlar do que Dercy Gonçalves. “A Hebe [nunca foi para a Globo] exatamente pela personalidade, ela dizia o que gostava de dizer. E pela dificuldade de controlar a Hebe, ela nunca foi. [...] Era uma pessoa incontrolável.", disse.
"Na Globo eu jamais poderia ser a Hebe"
E vale lembrar que a própria Hebe Camargo já se pronunciou sobre o assunto. Certa vez, em uma conversa no programa Clô Para os Íntimos, de Clodovil Hernandez, na TV Manchete, a estrela da televisão brasileira foi categórica: "Eu só gostaria de trabalhar [na Globo] se eu pudesse ser exatamente como eu sou."
"Se eu tivesse que trabalhar na Globo para ser aquela coisa plastificada, editarem o programa, tirarem minha lágrima, tirarem minha gargalhada, não poder falar as coisas que eu falo e fazer as críticas que eu faço com o que o meu coração sente... Na Globo eu jamais poderia ser a Hebe. Então eu não tenho nenhuma vontade de trabalhar [na emissora]."
Isso não impediu, entretanto, que Hebe fosse homenageada pelo canal de Roberto Marinho em algumas ocasiões – incluindo uma entrevista com Xuxa no especial TV Ano 50/Globo Ano 35, em 2000, a entrega do Troféu Mario Lago em 2010, durante o Domingão do Faustão, e a exibição da série Hebe em 2020, estrelada por Andréa Beltrão.
Sua morte, em 2012, também gerou diversas homenagens nos principais programas do canal, como Fantástico, Vídeo Show e Jornal Nacional.