A mais recente adição à franquia Planeta dos Macacos, intitulada O Reinado e lançada em 2024, apresenta-se como uma continuação ambiciosa dos eventos estabelecidos na trilogia anterior. Este quarto filme retoma a narrativa após a libertação dos macacos e a quase extinção da humanidade, momentos que culminaram com a morte de César, líder revolucionário da espécie símia. Séculos após esses eventos, a trama conduz o público a uma sociedade liderada pelos descendentes de César, imbuída de ensinamentos passados, ainda que, ao longo do tempo, distorcidos por diferentes facções.
O protagonista, Noa, é membro do Clã da Águia, um grupo de anciãos que tenta manter viva a sabedoria do antigo líder. Entretanto, a destruição de sua aldeia e a morte de seu pai o forçam a uma jornada de vingança e redenção, onde ele busca resgatar seus amigos e enfrentar Proximus César, um líder autoproclamado que personifica a corrupção dos ensinamentos originais de César. Acompanhado por Raka, um orangotango fiel às verdadeiras ideias de César, e Mae, uma das últimas humanas sobreviventes, Noa representa o conflito central entre diferentes interpretações da liderança de César e a luta pelo poder.
O filme, com 2 horas e 25 minutos, possui uma estrutura longa, mas envolvente, combinando elementos de ação e aventura em um cenário pós-apocalíptico, onde a coexistência entre humanos e macacos é insustentável. A narrativa, embora emocionante, levanta questões fundamentais sobre o futuro da humanidade e a natureza do poder. Contudo, ao passo que o longa-metragem constrói uma atmosfera tensa e repleta de conflitos, é inevitável perceber a formulação um tanto previsível de alguns de seus elementos. O protagonismo de Noa e a jornada heroica que empreende seguem um padrão narrativo comum em filmes de ação, com um vilão que, apesar de marcante, carece de profundidade em sua motivação.
Os aspectos visuais e a construção do universo distópico são, sem dúvida, pontos altos da produção. A direção de arte e os efeitos especiais colaboram para criar um mundo convincente e esteticamente impressionante, destacando-se entre os blockbusters recentes. Ainda assim, a tentativa de abordar temas mais profundos, como a distorção ideológica e a sobrevivência de valores em meio ao caos, parece superficial em determinados momentos. A trama, ao focar-se nas batalhas externas entre os clãs e a tirania de Proximus, poderia ter explorado com mais profundidade os dilemas internos de seus personagens, especialmente Noa, cujos conflitos emocionais mereciam mais atenção.
Por fim, Planeta dos Macacos: O Reinado consegue, em grande parte, manter o padrão de qualidade da franquia e oferece uma experiência cinematográfica satisfatória para os fãs de longa data. No entanto, se este filme pretende ser o início de uma nova trilogia, espera-se que os próximos capítulos se aprofundem nas complexidades morais e filosóficas que a série sempre insinuou, mas que aqui aparecem apenas como pano de fundo para uma história de ação.