Como fã do curta, eu sou meio suspeita pra falar do filme, mas vou tentar...
"Hoje eu quero voltar sozinho" com certeza, retrata o universo adolescente, como tantos outros filmes brasileiros que geralmente apelam para o mesmo, porém esse, de uma forma um tanto quanto delicada e "diferente".
O filme conta a historia de Leonardo, um garoto cego, que vive o drama de "ser o ultimo da turma que nunca beijou ninguém". Leo, além de ter seus conflitos pessoais se depara com a superproteção dos pais para com sua deficiência, e com a chegada de um garoto novo, meio que se sente seguro para explorar novos caminhos.
Gabriel, o garoto novo, de cara ganha destaque no longa, ele que literalmente fica no meio de Giovana e Leonardo, que eram melhores amigos antes do garoto chegar, no quesito "amizade" e até mesmo amor.
No filme, vemos claramente alguns pontos que muitos adolescentes encontram hoje em dia, que é a descoberta de si próprio, o "querer a independência", o bullying, e também os desejos pessoais.
É interessante como o diretor conseguiu, de forma clara, capitar o momento em que a amizade entre os dois meninos deixou de ser só amizade e começou a virar paixão, amor, e ao mesmo tempo, conseguiu transparecer a insegurança da amiga, Giovana, com a chegada de alguém que poderia acabar com a relação que ela tinha com Leo, e ainda mais interessante, como ele conseguiu deixar de forma clara, que amizades fortes, não se acabam por motivos como ciumes, ou sentimento de "troca", elas só se fortalecem.
Não é a primeira vez que nos deparamos com assunto referente à sexualidade, homossexualidade, ou descoberta de si em filmes brasileiros, mas é a primeira que essa, é vista em alguém com deficiência, mas apesar das divergências, o filme foi muito bem explorado e transmitido de forma limpa e clara para todo o publico. Os atores foram super profissionais, apesar de serem jovens, e encararam bem o papel, em alguns momentos, dá pra sentir o amor entre eles.
No geral, é um ótimo trabalho, não se pode negar, e relata exatamente o universo adolescente, eu digo isso com toda certeza pois, eu já passei por isso e tenho certeza que muitos já passaram. As brigas com os pais, o ciumes da amiga, o primeiro beijo, o primeiro amor...
Alguns podem achar que foi coragem de um filme "assim", com uma relação homossexual, ser exibido no cinema, aberto a todo tipo de publico e etc., mas na minha humilde opinião, foi a forma mais pura que, talvez, já fora proposta ao cinema brasileiro. Com direito a quebras de tabus e preconceitos. O filme está de parabéns e é totalmente apaixonante, isso é tudo que eu posso dizer.
Gabriela Romarins