“Amor” é um filme contemplativo sobre os tumultuosos sentimentos a morte iminente, de um jeito simples, visceral e cru o brilhante diretor Austríaco Michael Haneke foi cruelmente perspicaz em sua obra agoniante, um espelho triste ao qual não gostamos do reflexo.
O roteiro de “Amor” é simples, o que conquista o telespectador são suas nuances, desenvolvimento de personagens e escolhas narrativas, o longa conta a historia de Anne, uma senhora que sofre um AVC e começa a ter que lidar com as consequências de uma saúde debilitada, o drama em cima de seu marido, as coesões sociais e degradações sentimentais e fisicas são muito bem exploradas.
Tecnicamente, Michael Haneke é impecável, com um direção crua, muito câmera enquadrada, uma paleta quente e uma composição de cenários magnifica, o diretor consegue dar um background total dos personagens apenas com os detalhes e cenários do apartamento em que eles moram, esse detalhe somado ao diretor conseguir exprimir suspense e tensão de momentos simples me lembra muito o diretor Roman Polanski, Michel não faz questão de situar seu telespectador, apenas assistimos trechos de uma historia, diversos são os andamentos da narrativa que simplesmente não são graficos, e isso é bom, não ganhamos um conteúdo mastigado, o que recebemos é um obra que a primeira vista era simples mas depois percebemos o quão profunda a mesma é, temos um incrível final subjetivo e apesar do pé no chão do filme ainda temos um sutil e profundo toque do divino.
As atuações são outro show a parte, apesar do filme ter poucos personagens, o casal central da drama entrega uma atuação espetacular, com destaque a falecida Emmanuelle Riva que entrega uma personagem apaixonada e dolorosa de se assistir, com uma atuação cheia de detalhes e amor, e também destaque para Jean-LouisTrintignant, que entrega uma atuação sóbria e muito poderosa, o ator mesmo representando fisicamente um sentimento consegue transbordar o intimo do personagem apenas no andar e no olhar, são duas atuações clássicas.
“Amor” não é um filme impecável, seu único defeito talvez seja seu ritmo que parece ser propositalmente lento, prolongando a angustia, Michael Haneke sempre foi um diretor que gosta de incomodar seu publico, e esse choque geralmente vinha da violência, mas aqui o diretor se reinventa e o incomodo vem a partir da impotência. Uma grande obra. Nota 9,5/10