Desde que o piloto de Lost foi lançado, em 22 de setembro de 2004, um fenômeno foi criado. O piloto da série é considerado por muito o MELHOR da história da televisão. A partir dali, o fenômeno foi criado e as pessoas começaram a se perguntar o que era tudo aquilo que estava acontecendo. Como assim um avião caiu em uma ilha e várias pessoas sobreviveram? Quem são essas pessoas? O que é aquele som que veio da selva e assustou todo mundo na primeira noite? O que aconteceu com a outra metade do avião? O que é esse tal monstro (fumaça)? Tudo isso em UM EPISÓDIO! BOOOOOM! Explodiu a cabeça do universo.
Breaking Bad virou um fenômeno em sua ÚLTIMA temporada. O episódio final da quarta temporada teve 1,9 milhão de espectadores. O último da série teve 10,3 milhões de espectadores. Como a quinta temporada começou em 15 de julho de 2012 e terminou em 29 de setembro de 2013, foi um espaço bem considerável para uma maximização do público. O que fez a série pegar de vez apenas na última temporada? Marketing e qualidade são dois pontos que respondem a pergunta.
Na época de Lost, as pessoas ficaram tão malucas, que sites foram criados para especular as teorias. Fóruns (lembra do LostBrasil?) eram as principais fontes de discussão sobre o seriado. Pessoas tiravam fotos dos episódios para analisar frame por frame os easter eggs. Podcasts foram criados para discutir semanalmente os episódios. Livros foram escritos sobre as teorias e como Lost impactou no mercado. Lost era um assunto recorrente na roda de amigos. LOST PASSOU NA GLOBO. Isso gerou mais buzz para a série, principalmente aqui no Brasil. Lost gerava brigas HOMÉRICAS. Souvenirs eram desejados por todos. Sites de legendas foram criados por causa de Lost.
Sem Lost, Breaking Bad não existiria. Não só BB, mas muita série não existiria sem Lost e 24 Horas. São as duas séries responsáveis por trazer maturidade aos roteiros e mostrar tudo isso na TV Aberta. Sopranos já fazia isso na TV fechada.
ANÁLISE DAS TEMPORADAS
As respostas dadas na sexta temporada deixaram claro que a série seguiu o seguinte processo.
Primeira temporada – os produtores não sabiam o rumo que a série iria tomar, mas tinham uma linha-mestra, que provavelmente teria a ver com espaço-tempo e universos paralelos. Mais nada. Estabeleceu-se aqui uma identidade narrativa (flashbacks, conflitos, tensão, mistérios), que prosseguiria a mesma até o fim.
Segunda temporada – Para mim, a melhor. Aqui teve origem a mitologia de Lost, e os roteiristas começaram a definir que rumos a história tomaria. Foi criada a Dharma e introduziu-se novos personagens, como os sobreviventes da cauda. A escotilha foi a grande estrela deste período, bem como o conflito e o misticismo envolvendo “Os Outros”.
Terceira temporada – Sem data para encerrar a série, os produtores começaram a enrolar. O tema central escolhido para movimentar a temporada foi a Dharma e sua atividade na ilha. Aqui os roteiristas começaram a trilhar um caminho mais próximo à ficção científica, com as estações de pesquisa e as sugestões de viagem no tempo, incluindo o vídeo de orientação da Orquídea, lançado na ComicCon (veja aqui).
Quarta temporada – Definido que haveria seis temporadas, a tarefa agora era desenrolar o novelo e desatar os nós. Com a chegada da tripulação do cargueiro e a saída de alguns personagens da ilha, o programa tomou uma outra dimensão, com corporações por trás dos eventos, e assumiu uma linha mais mística, mostrando que a ilha também tinha poderes sobrenaturais no mundo exterior (impedindo que Michel se matasse, por exemplo).
Quinta temporada – Toda a quinta temporada foi um ensaio para levar os personagens ao ponto onde a sexta começaria. Aqui eles definiram como tudo ia terminar, e precisavam obrigar os heróis a sair de um ponto e chegar ao outro, a qualquer custo, resultando em situações improváveis. A decisão de explodir a bomba foi forçada ao extremo. Os outros 40 sobreviventes morreram, sumiram ou simplesmente foram esquecidos em meio aos saltos temporais (a exceção é Rose e Bernard). O que uma bomba de hidrogênio estava fazendo na ilha? Estava a bordo de algum navio? Não era qualquer navio de guerra que carregava bombas atômicas da década de 50. É possível? Sim, mas forçado.
SEXTA TEMPORADA – A tarefa de desfazer o novelo que não havia sido desenrolado em duas temporadas acabou jogada para a sexta. O resultado foram decisões fáceis e ridículas para problemas complexos. Exemplos. De todas as explicações para o Black Rock aparecer na selva, usaram a mais óbvia: um tsunami. A estátua gigante foi destruída pelo impacto de um navio de madeira (ahã?). Desmond sobreviveu à explosão da escotilha por ser “resistente ao magnetismo”. Como assim? Super-herói? E o Mr. Eko. E Charlie? Se fosse isso eles também teriam morrido, uma vez que estavam nos corredores quando tudo veio aos ares, e não fora da estação.
METÁFORAS #FAIL
A proposta de entender o fim da série como uma metáfora também não faz sentido. Antes, vamos entender o que é uma metáfora.
A metáfora pega uma situação concreta, do mundo real, que o espectador pode entender, e a lança à luz de um entendimento maior. Por exemplo, quando a Bíblia diz que devemos “separar o joio do trigo”, a mensagem serve para comunicar o agricultor da época que ele deve pegar o que é bom e se livrar do que é mal.
Não há metáforas no fim de Lost, pois não existem situações concretas. O que existem são teorias, que o público formula livremente, mas sem qualquer base no real.
Se QUALQUER TEORIA, sobre QUALQUER COISA pode se encaixar no final de Lost, isso não é bom, porque não há sugestões dos produtores sobre nada concreto.
Lost Valeu! - No final das contas, Lost valeu. Até mesmo a sexta temporada valeu. E valeu principalmente para a gente entender que às vezes o que vale não é o destino, mas sim a jornada para alcançá-lo.