É inevitável sentir-se preso ao eterno retorno das franquias de Hollywood, com reboots que simplesmente tentam dar continuidade a uma fórmula que parecia concluída ou mesmo esgotada. Personagens em que se segue uma determinada linha ou tom, porque se desviar dela pode causar reações furiosas dos fãs.
Os super-heróis podem ser a experiência mais frustrante nesse sentido, porque há certos personagens que não poderão mais sair de certos padrões, mas serão resgatados e reiniciados de qualquer maneira. Pelo menos, se não for possível sair da seriedade autoimposta, podemos ter filmes como Batman (2022) tentando ir mais fundo do que os filmes anteriores.
Com Robert Pattinson no papel do Cavaleiro das Trevas, em uma versão mais jovem do que estamos acostumados a ver, o diretor Matt Reeves oferece um filme de suspense policial com influências muito claras, mas bem conduzidas. Um espetáculo audiovisual avassalador que foi um fenômeno em sua estreia e pode ser visto em streaming no Prime Video e na Max.
Nele, vemos Bruce Wayne em sua nova função de vigilante noturno por alguns anos, fazendo com que a polícia de Gotham fizesse vista grossa enquanto ele atacava o crime e a corrupção no submundo da cidade. De repente, um novo inimigo surge às vésperas da eleição, assassinando vítimas e deixando enigmas perturbadores para Batman resolver antes que a violência aumente ainda mais.
Reeves tenta não quebrar o tom sombrio e a camada de “prestígio” que Christopher Nolan e Zack Snyder conseguiram impor ao personagem durante este século. Ele tenta levá-lo a um território um pouco mais ambíguo com o uso da força física e da violência contra os criminosos, mostrando algumas das referências mais interessantes do filme.
Batman: A necessidade do herói
Embora esteticamente seja fácil perceber a influência de David Fincher e de filmes de investigação de psicopatas como Se7en - Os Sete Crimes Capitais, seu ar de vigilante e suas histórias do submundo lembram os suspenses policiais dos anos 1970, como Klute - O Passado Condena e Operação França.
Reeves encontra aí a maneira mais empolgante de enfatizar o caráter de detetive do personagem, algo em que outras adaptações não se interessaram tanto. Assim, o diretor consegue fazer com que um grande sucesso de bilheteria de Hollywood não se pareça necessariamente com um filme de ação, que é mais disperso ao longo de suas quase três horas, e mais focado no processo e nos relacionamentos complexos com outros personagens.
O filme encontra uma maneira de distinguir o lado vigilante do lado do super-herói, com o personagem aprendendo a necessidade deste último em detrimento do primeiro para realmente salvar a cidade. Reeves faz isso com uma incrível exibição técnica por meio da cinematografia de Greig Fraser e da música de Michael Giacchino, que ajuda a compensar seus excessos narrativos, deixando no processo um filme realmente notável.
*Tradução de site parceiro do AdoroCinema.
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