Quando você pensa em filmes de anime, automaticamente pensa no Studio Ghibli e no diretor Hayao Miyazaki, veterano de animação que recentemente levou para casa seu segundo Oscar, depois de A Viagem de Chihiro, por O Menino e a Garça.
Seja Meu Amigo Totoro ou O Castelo no Céu, Princesa Mononoke ou A Viagem de Chihiro: Em sua carreira de mais de 50 anos, Miyazaki filmou uma infinidade de obras-primas que explodem em imaginação com suas qualidades únicas. Os exuberantes mundos de imagens há muito emocionam mais do que apenas os fãs obstinados da animação japonesa.
No entanto, o cineasta não pode fazer muito com seus colegas de faroeste (fantasia), como revelou em diversas entrevistas ao longo dos anos (via Far Out Magazine). Ele é da opinião que numerosos filmes de Hollywood espalham a mensagem de que as injustiças cometidas podem ser apagadas através de um novo derramamento de sangue – e que matar até mesmo pessoas inocentes é justificado, desde que os verdadeiros perpetradores possam ser caçados. Isto, por sua vez, vai contra os seus sentimentos pacifistas.
Hayao Miyazaki odeia os filmes do Senhor dos Anéis
"Os americanos filmam e explodem coisas e coisas do gênero, então, como seria de esperar, eles fazem filmes assim", disse Miyazaki. "Se alguém é o inimigo, não há problema em matar um número infinito deles. Senhor dos Anéis é assim. Se for o inimigo, há matança sem separação entre civis e soldados. Isso se enquadra nos danos colaterais".
Miyazaki continua, tornando-se ainda mais explícito: "Quantas pessoas são mortas em ataques no Afeganistão? O Senhor dos Anéis é um filme que não tem problema em fazer isso [não separar civis de inimigos]. Se você ler a obra original, vai entender, mas na realidade quem estava sendo morto eram asiáticos e africanos. Aqueles que não sabem disso, mas dizem que amam a fantasia, são idiotas".
Indiana Jones, O Senhor dos Anéis e os filmes que Hayao Miyazaki odeiaMiyazaki teve que enfrentar críticas
Mas sua avaliação geral das representações de violência nos sucessos de bilheteria de Hollywood não termina com O Senhor dos Anéis:
"Até nos filmes de Indiana Jones tem um cara branco que, ‘bang’, atira nas pessoas, né? Os japoneses que concordam e gostam disso são incrivelmente constrangedores. São vocês que, 'bang', levam um tiro. Assistir [a esses filmes] sem qualquer autoconsciência é inacreditável. Não há orgulho, nem perspectiva histórica. Você não sabe como é visto por um país como a América", completa Hayao Miyazaki sobre os filmes de Hollywood.
Mas também é verdade que o próprio Miyazaki teve de suportar críticas: a sua penúltima obra Vidas ao Vento, dedicada ao projetista de aeronaves japonês Jirō Horikoshi, foi acusada de glorificar um herói de guerra – afinal, Horikoshi projetou vários modelos de aeronaves que o Japão, então aliado da Alemanha e da Itália, utilizou na Segunda Guerra Mundial. Os grupos nacionalistas, por sua vez, queixaram-se de que o melodrama biográfico não era suficientemente patriótico.
*Tradução de site parceiro do AdoroCinema
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