Não estava esperando nada por esse filme mas confesso que ele me surpreendeu.
No quesito enredo, é óbvio que o clichê de máquinas criando autoconsciência e se voltando contra a humanidade alegando estar protegendo o mundo de ser destruído, bem como proteger a humanidade de si mesma, já é algo bem batido quando já vimos isso em "O Exterminador do Futuro" e "Eu, robô".
Porém, a questão é que o filme trouxe outros elementos que ainda assim o tornaram interessante, a começar pela forma como foi trabalhada a interação entre um humano e a IA (Smith), que foi muito bem feita a ponto de se tornar cativante e até identificável com o público, uma vez que
Atlas tem mágoas pelo pai tê-la abandonado e também por não gostar, nem confiar nas pessoas porque elas já a magoaram muito.
Pergunta: quem nunca teve de lidar com um ou outro problema como esses?
É possível identificar no Smith a figura paterna que a Atlas se queixou de ter perdido contato. Smith é paciente, se mostra compreensivo e interessado nos sentimentos da Atlas.
Ele consegue cativá-la muito bem a ponto de conseguir sua confiança e fazê-la superar o medo de ter que confiar em uma IA novamente.
Posso dizer que o filme conseguiu prender minha atenção muito mais por essa conexão entre a Atlas e o Smith do que pelas cenas de ação. Cheguei a dar boas risadas dos diálogos com pitadas de xingamentos de ambas as partes.😅
No quesito produção e CGI, não tenho críticas a fazer. Foi bem feito e as cenas de luta foram convincentes, bem como a ambientação do planeta de outra galáxia.
Só não dou nota máxima porque
apesar de a Atlas ter dito que ainda tem fé que a humanidade possa se recuperar, ela não parecia estar fazendo progresso na interação com os humanos quando voltou a Terra.
A Atlas ainda me pareceu muito mais entusiasmada para voltar a interagir com o novo Smith do que com as pessoas e acho que isso foi "bola fora", pois apesar de terem feito um bom trabalho ao "humanizar" ao máximo o Smith para que essa conexão entre eles pudesse ser tão envolvente,
sabemos na realidade que esse tipo de relação profunda não é possível de acontecer faticamente entre uma IA e um humano.
Outra "forçação de barra" é que o Smith chegou a se considerar "vivo" e "possuidor de alma" como se estivesse em par de igualdade com a humanidade só porque poderia aprender sobre sentimentos, motivações e coisas complexas. Sabemos bem que isso não é o suficiente para tornar algo vivo ou humano.
Também não é verdade que a humanidade está programada, como o Smith disse que estava.
Podemos fazer escolhas ainda que sejam irracionais.
Sei que uma IA também pode fazer escolhas, mas o que o Smith chama de escolha é apenas um cálculo entre probabilidades e ela escolhe àquela que é mais viável com base na pura razão ou lógica.
Uma máquina não tem capacidade de decidir com base nos sentimentos, nem em prioridades ou em princípios. Também não tem a capacidade de sonhar e fazer planos futuros.
Penso que por mais que as pessoas nos decepcionem, existem aquelas que valem à pena confiar e é necessário dar uma chance a elas.
Depositar essa chance numa máquina ao invés de uma pessoa real foi forçado demais e fez com que o filme entrasse em contradição entre a mensagem de esperança que a protagonista disse ter sobre a humanidade e sua atitude ainda distante dela.
Tem também a questão da programação preditiva. Sei que há quem considere isso apenas teoria da conspiração ou papo de religioso, mas a verdade é que essa história de quererem fundir humano e IA/robô já é bem conhecida.
Se chama transumanismo (mais conhecido como a "Marca da Besta") e querem vender essa ideia como sendo a esperança e salvação para a humanidade a fim de torná-la mais forte, resistente a doenças e mais inteligente.
A verdade é que sabemos que esse tipo de coisa vai alterar o DNA humano, retirando a marca que Deus pôs na humanidade transformando-a numa criatura que nem é humano e nem é máquina. Nem tá vivo e nem tá morto. Tais pessoas não herdarão o reino dos céus como diz a Bíblia.
Portanto, aconteça o que acontecer, continuem humanos e não aceitem essa fusão.