Chega finalmente ele que prometia ser colossal.
Gone Girl (ou Garota Exemplar em português) é o tão esperado (pelo menos por mim) longa de David Fincher que, após A Rede Social se tornou um dos meus diretores preferidos. E não é a toa, porque o seu mais recente trabalho é um sucesso.
A trama acompanha Amy Dunne (Rosamund Pike) que desaparece no dia do seu aniversário de casamento, deixando o marido Nick (Ben Affleck) em apuros. Ele começa a agir descontroladamente, abusando das mentiras, e se torna o suspeito número um da polícia. Com o apoio da sua irmã gêmea, Margo (Carrie Coon), Nick tenta provar a sua inocência e, ao mesmo tempo, procura descobrir o que aconteceu com Amy.
O filme é repleto de reviravoltas e incertezas, sendo que em um momento nos familiarizamos com o personagem e em outro queremos estrangulá-lo. É nessa complexidade que entramos no delírio desse filme. O estilo sem vida suburbano faz nos lembrarmos do grandioso (e delirante) Beleza Americana, mas sobe a visão cínica de Fincher e as perfeitas lentes de Jeff Cronenweth.
Nesse cinismo constante o espectador é conduzido a um filme sombrio, tão sombrio quanto à sombra provocada pela excelentíssima fotografia. Os enquadramentos da câmera são belíssimos mostrando o desespero no rosto de cada personagem. Algo realmente surpreendente é o elenco.
Bem Affleck encontra (finalmente) um personagem à sua altura e Rosemund Pike encontra o um personagem espetacular, quase impossível de definir. Não há como ela não ser reconhecida nas premiações. É realmente difícil de dizer quem tem chance de ser reconhecido como coadjuvante, pois Neil Patrick Harris e Tyler Perry encontram personagens com seriedade irreconhecível. Outra que se sobressai é Kim Dickens.
Com uma trilha instigante, uma edição que só tão perfeita pelo ritmo de seus flashbacks, um roteiro tão espetacular quanto de Aaron Sorkin, Garota Exemplar mostra-se algo bem notório em um ano cheio de revelações cinematográficas e também possa garantir a tão esperada estatueta do Sr. Fincher.