Eu não me importo com reboots de franquias ou mesmo filmes standalone; realmente acho que a arte se reinventa em cada iteração, e um filme dos anos 90, por exemplo, pode ser reimaginado para os anos 20 do terceiro milênio.
Mesmo assim, Mortal Kombat (2021) decepciona. Neste reboot, os produtores colocaram cuidado demais no fan service e se esqueceram da história em geral. O que recebemos é um filme raso com várias referências forçadas ao jogo.
Começamos o filme com um prólogo sobre a rixa entre o Subzero e o Scorpion. O prólogo abre espaço para a personagem principal que, por algum motivo, os escritores decidiram ser uma personagem nova, fora do leque de possíveis lutadores já existentes na franquia.
Não há muita preparação para o segundo ato. Cole Young luta, literalmente, para colocar dinheiro na casa, enquanto sofre com autodúvida. Então um cara aparece depois de Cole levar uma surra, Subzero resolve dar trabalho e, pronto, já estamos no segundo ato. “Hey! Você e eu temos a mesma marca. Procure a Sonya Blade.”
Sem entrar em spoilers, o máximo que posso falar é que o filme é uma sequência de referências desconexas e piadinhas ruins com algumas lutas coreografadas. A trama em si é simplista e monótona, uma busca por uma tal de Arcana interior que abre espaço para muito deus ex machina.
O desfecho é bem sem noção também, abrindo espaço para as sequências já planejadas.
Até aqui, posso apenas falar que não é um filme que recomendo. Mortal Kombat não atinge às expectativas, parecendo mais um filme fan-based que tenta ser legal que realmente um reboot.
Atenção! Daqui em diante, alguns spoilers:
A maior falha do filme é que o Mortal Kombat nem acontece. A trama toda é Shang Tsung tentando matar os heróis do plano terreno antes do torneio. A ideia é que tentar matá-los antes do torneio pode os pegar desprevenidos, mas é um conceito tão fraco que estressa.
A jornada das personagens é descobrir sua Arcana interior. O filme levanta esse conceito de que todos os heróis da Terra possuem essa tal Arcana que, quando revelada, libera sua magia. Esse sistema de mágica é muito sem noção, uma explicação idiota sobre como as personagens do jogo soltam bolas de fogo ou raios lasers dos olhos. Esse sistema parece escrita preguiçosa, uma desculpa para não pensar em histórias de fundo melhores para o universo.
Por fim, Cole Young. Nada contra uma personagem nova para a franquia, mas a jornada de Cole é genérica e sem graça. Sua Arcana é uma armadura com armas brancas, tão conveniente que incomoda. Cole Young poderia facilmente ser Johnny Cage.