Escrito pelo estreante Matthew Quick, o livro Silver Linings Playbook fala sobre um relacionamento improvável entre duas pessoas de temperamentos difíceis e sobre a dificuldade em se recomeçar a vida. Pelas mãos de David O. Russell (O Vencedor), que assina roteiro e direção, sua história chega aos cinemas já cheio de expectativas, com uma trama que sai do lugar comum e um elenco de primeira composto por Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, Robert DeNiro, Jack Weaver e Chris Tucker.
Interpretando o protagonista Pat está Bradley Cooper, ator que tem construído muito bem sua carreira, mas ainda sofre um certo preconceito, principalmente por ter se tornado famoso através da franquia Se Beber, Não Case!. O fato é que Cooper vem buscando personagens diferentes em roteiros mais profundos que possam mostrar outros lados de sua atuação, como foi o caso dos filmes Sem Limites e As Palavras e deve se repetir no futuro Serena, em que ele estrelará novamente ao lado de Jennifer Lawrence. Com Pat, ao mesmo tempo em que o ator usa de seu talento para o humor para dar um ar de leveza ao personagem, ele também consegue atingir camadas mais profundas ao mostrar um homem que não consegue se recuperar de um trauma em seu casamento e faz de tudo para voltar no tempo e fingir que nada aconteceu, mantendo o contato com sua mulher através de livros que ela usa em seu trabalho e não permitindo que sua vida prossiga por outro caminho.
Do outro lado temos Jennifer Lawrence, reconhecida pela crítica e queridinha do público desde que interpretou a protagonista de Inverno da Alma em 2010 e foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo trabalho, a atriz tem engatado um filme atrás do outro. Comédia, drama, ação, pequeno ou grande orçamento, a carreira da jovem atriz já é das mais variadas e ela não desaponta em nenhum papel, não à toa tem tal reconhecimento. Como Tiffany, ela apresenta de forma sutil uma viúva que faz todas as escolhas erradas e, ao contrário do novo amigo, não consegue esperar mais um segundo para que possa se refazer. Sua interpretação acerta em cheio o coração do espectador, que por sua vez reluta muito menos do que Pat em se apaixonar por ela.
Dois personagens explosivos e adoráveis, como todos nós, com seus machucados, seu passado preferível de esquecimento e suas famílias desconectadas, mas que apesar da verossimilhança que os envolve não vemos toda hora no cinema. É pelo retrato tão próximo da realidade, a criação de personagens sem exageros ou firulas e suas atuações simples – e por isso tão eficazes – que O Lado Bom da Vida se destaca entre os últimos lançamentos e tem tudo para estar entre os melhores do ano, senão o melhor.