O Lado Bom da Vida é o décimo-primeiro longa do diretor Russell, que só ganhou maior repercussão graças à seu último filme, o excelente O Vencedor (The Fighter, 2010). Embora o tema e o gênero sejam totalmente diversos, uma coisa os 2 filmes tem em comum: o carinho com que o diretor retrata suas personagens. Não há julgamentos, estereótipos, bandidos ou mocinhos. Todos são seres humanos, que erram e às vezes acertam.
Embora eu considere O Vencedor um filme mais maduro, principalmente na concepção do ambiente familiar dos protagonistas, perpassando uma sensação de quase-documentário, tal a verossimilhança dos retratados, O Lado Bom da Vida está a milhas de distância da maioria das comédias românticas que chegam às telas e locadoras toda semana.
Sim, o filme tem final feliz e até mesmo previsível, mas neste caso é condizente com a sua concepção, ou melhor, com a concepção da personagem principal, que não aceita livros que não tem final feliz, criticando a sua negatividade. Pat tem razão quando diz que vivemos num mundo complicado e talvez por isso a maioria das pessoas, assim como ele, anseia por filmes com final feliz, aquele que a vida normalmente não nos dá.
Quem não conhece o dito popular "de médico e louco todo mundo tem um pouco"? O filme mostra como é difícil o peso da discriminação quando você já recebeu um rótulo de desajustado, mesmo agindo em situações-limite igualzinho a qualquer outra pessoa tida como normal. E, afinal, como o filme mostra em diversas ocasiões, os que rodeiam Pat também tem lá suas esquisitices.
O elenco e os diálogos são o ponto alto do filme, e Bradley Cooper (Se Beber, Não Case) traça um excelente perfil, evitando os trejeitos e o exagero na composição da personagem Pat. Já Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes), que recebeu muitos prêmios e elogios por sua interpretação como Tiffany, francamente achei apenas razoável, nada de tão excepcional, sendo quase uma personagem coadjuvante na trama. Os demais, com destaque para De Niro e Tucker, formam um excelente conjunto de composições bem orquestrada pelo diretor.
Dificilmente surgirá nesta temporada uma comédia romântica com o mesmo nivel de O Lado Bom da Vida, um filme sensível, divertido, leve e inteligente na medida certa.