Crítico musical na década de 1970 e jornalista de grandes reportagens no início dos anos 2000, muitos brasileiros têm alguma lembrança dos trabalhos de Maurício Kubrusly, principalmente na TV. No entanto, é o comunicador que já não se lembra mais de toda a sua trajetória. Diagnosticado com demência em 2023, sua história acaba de virar documentário - para nunca mais cair no esquecimento.
Kubrusly: Mistério Sempre Há de Pintar Por Aí será exibido pela primeira vez nesta sexta-feira (22), durante a abertura da 11ª Mostra de Cinema de Gostoso, em São Miguel do Gostoso (RN). Dirigido por Evelyn Kuriki e Caio Cavechini, o documentário também chegará ao catálogo do Globoplay em breve, no dia 4 de dezembro.
Documentário conta com a participação de Gilberto Gil
O título do documentário conta com um trecho da música Esotérico, de Gilberto Gil, de quem Maurício sempre foi fã. Aliás, o interesse por música é algo que permanece até os dias de hoje e também serve como fio condutor do filme. Em uma das cenas, o músico baiano toca violão, e Kubrusly resolve tirar sua esposa, Beatriz Goulart, para dançar.
Ao longo da sua carreira, Maurício passou pelo Jornal do Brasil, Jornal da Tarde e Folha de São Paulo. Porém, um dos sus primeiros destaques como jornalista foi na revista Somtrês, de 1979, a primeira especializada em música do Brasil.
Kubrusly dirigiu e ajudou a fundar o periódico, que ficou 10 anos em circulação. Foi durante esse período que ele se consagrou como crítico musical, reconhecendo o trabalho de grandes artistas, como Gilberto Gil, Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé.
Destaque no Fantástico
O filme também mostra a experiência de Maurício Kubrusly à frente do Me Leva, Brasil, quadro do Fantástico exibido entre 2000 e 2017. Durante os quase 20 anos na apresentação do quadro, Maurício passou por várias regiões do país e presenciou as histórias mais absurdas, como um ensaio nu de Carla Perez no Pelourinho, em Salvador.
Porém, a grande surpresa revelada pelo documentário é que, apesar do sucesso do quadro, Kubrusly não queria trabalhar na frente das câmeras e até resistiu em ir para a televisão. Evelyn, que está no comando do documentário e também produzia o Me Leva, Brasil, contou ao jornal O Globo que, mesmo com toda resistência, o colega de trabalho se transformava na hora de gravar.
Kubrusly sempre foi um jornalista inquieto. O Me Leva, Brasil nasceu desse sentimento. Ele era pura linguagem. Quando pegava o microfone, alguma coisa acontecia
História de Maurício Kubrusly também vai virar livro
Aos 79 anos de idade, Maurício Kubrusly se afastou da TV em 2019, depois de 34 anos de Rede Globo. No entanto, seus colegas de trabalho estão determinados a imortalizar a sua história. Em 2025, a vida do repórter vai virar livro. Alberto Villas, com quem Maurício trabalhou no Fantástico, lançará Kubrusly, Lembra?, pela Geração Editorial. Uma mistura de biografia e almanaque, o livro recordará momentos divertidos da trajetória do jornalista.