Tudo começou numa noite qualquer, onde órfão de Fringe eu já não achava mais sentido na vida da televisão, até que comecei a assistir pilotos de algumas séries que eu ainda não havia visto, e nisso vi Glee, Game Of Thrones, Arrow e por fim Breaking Bad, e embora tenha gostado do pilotos das outras citadas algo me algemou aos braços de Walter White e Jesse Pinkman, e começou o melhor mês da minha vida em frente a televisão.
Nunca havia lido nenhum critica ou sinopse sobre a série, e por isso sempre tive o pensamento de que a série falava sobre qualquer coisa menos do que sobre ela fala. Fiquei extasiado com tudo que vi na série, era impossível piscar nos 43 minutos da trama, e foi assim sem piscar no período de 29 dias entre a cena do
homem na estrada gravando um vídeo de despedida sem calças e a cena que a policia chega a um laboratório de metanfetamina com um corpo sem vida no meio dele.
Que mente doentia é capaz de criar um químico de 50 anos, super inteligente, com com frustrações passadas, sendo um professor mal remunerado, com uma mulher de quase 40 anos gravida, um filho com paralisia cerebral, e que descobre ter câncer de pulmão mesmo sem nunca ter encostado um cigarro na boca. Esse é Walter White um personagem complexo e que o criador Vince Gilligan e o interprete Bryan Cranston vão receber minha eterna admiração por isso.
E como é capaz um personagem coadjuvante marcado para morrer nos primeiros capítulos, conseguir se destacar mais que o protagonista citado acima sendo apenas um garoto de 20 anos drogado, emotivo, inconsequente e meio lerdo? Aaron Paul não só surpreende durante todas as 5 temporadas como também não seria injustiça considerá-lo o maior coadjuvante de todos os tempos não só da televisão mas também do cinema. E por que não do teatro? Será muito impossível para quem assistiu a série com as vozes originais ouvir expressões como "yo" "Yeah" e principalmente "bitch" sempre trarão no subconsciente a voz e imagem de Jesse Pinkman.
Abaixo do destaque desses dois mas com a mesma qualidade de evolução e interpretação, Skyler White criou diversos tipos de opiniões durante os 62 episódios, no começo não passava de uma gravida inútil que eu não entendia por que aparecia mais que em três cenas, depois se tornou uma mulher chata que eu torci muito para levar um tiro no meio da testa, mas não parou por aí o melhor estava por vim e a personagem por um período de tempo se tornou a mais fantástica da trama, e no final após não saber o por que de sua existência, desejar a cada segundo a sua morte e amar sua mente brilhante só me restou sentir pena da personagem, Anna Gunn ensinou para atores, roteiristas, produtores e diretores como deve ser feita a evolução de um personagem, espero que em breve ela possa fazer parte de alguma boa produção cinematográfica para concorrer à um Oscar, ela é uma das atrizes que conheço que mais merece a estatueta na estante.
Não só esses três fizeram de Breaking Bad uma forte candidata a ser adorada daqui vinte ou trinta anos, Dean Norris (Hank Schrader), Bob Odenkirk (Saul Goodman), Jonathan Banks (Mike Ehrmantraut) e Giancarlo Esposito (Gustavo 'Gus' Fring) deram vida e destaques à seus personagens
que embora não tenham tido um final feliz (alguns nem mereceram)
conseguiram trazer atenção a seus personagens secundários (se é que pode falar isso de algum personagem da série), tanto que já foi encomendado um spin-off contando histórias de Saul Goodman antes e depois dos acontecimentos de BB. A dupla de amigos de Jesse, Skinny Pete (Charles Baker) e Badger (Matt Jones), embora não tenham tido espaço suficiente para mostrar um trabalho digno de Emmy, surpreenderam em suas cenas, que sempre iam para o lado cômico, outro lado positivo da série que conseguia ser engraçada sem ser clichê
(eu nunca ri tanto como na cena em que Jesse "derrete" um cadáver em sua banheira)
.
O grande pecado da série foi não ter dado um objetivo para os personagens Marie Schrader (Betsy Brandt) que durante suas participações era apenas uma esposa/irma/cunhada/tia chata em busca de atenção e Walter White, Jr. (RJ Mitte) que embora fosse um personagem bom e que por ter paralisia renderia boas histórias foi ofuscado por seus companheiros de cena.
Breaking Bad é uma série que fez história e fará falta, nenhuma ponta solta ao termino, e o melhor final possível, só tenho que agradecer a AMC por não ter levado fé na série e por isso não ter tocado nela, deixando assim a história rolar de acordo com o que a mente "doentia" de Vince Gilligan e seus roteiristas mandava. Quem não assistiu tem que correr para assistir, quem assistiu está procurando um sentido na vida vendo as reprises, e eu bem, eu mudei minha visão de assistir televisão após BB, não só isso como, colocarei o nome de Jesse Aaron no meu primeiro filho. Até lá, vou revendo essa série que ocupará para sempre meu Top 5.