Matéria original de 9/4/2018 e atualizada em 16/03/2021.
Bons vilões são aqueles personagens que lutam por uma causa na qual acreditam, mas pelos meios errados; são personagens que, por um detalhe ou minúcia moral, residem no lado maléfico da equação. Maus vilões, por sua vez, são criações pasteurizadas, esquecíveis e rasas cujas motivações só podem ser totalmente compreendidas quando se descarta toda e qualquer lógica e se embarca na boa e velha ideia do "porque sim". E uma das especialidades do Universo Cinematográfico Marvel (UCM) é, infelizmente, apresentar personagens deste último tipo - e geralmente para atores habilidosos.
Isso não quer dizer, no entanto, que o UCM tenha entregado apenas inimigos completamente ridículos ou que a grande constelação de filmes da Marvel seja povoada somente por antagonistas sem cérebro que perambulam pelos quatro cantos do espaço sideral como se fossem capangas de um inimigo dos Power Rangers. Por isso, o AdoroCinema separou os principais antagonistas dos longas da Marvel e os elencou, do pior ao melhor!
22) MALEKITH
É muito difícil criar um antagonista menos carismático do que Malekith. Símbolo perfeito dos problemas da Marvel quando se trata de criar vilões, o maligno elfo alienígena de Christopher Eccleston - que só aceitou participar da produção para poder pagar as contas - é uma masterclass em como errar por completo ao mesmo tempo em que se desperdiça o potencial de um ator elogiado por suas performances nas telinhas (Doctor Who) e nos palcos. Devido ao equivocado conceito cinematográfico do personagem - nos quadrinhos, o elfo é um inimigo digno da força de Thor -, não há uma grama de ameaça na alma, no rosto ou nas ações do genérico Malekith, que basicamente deseja destruir os Nove Reinos para executar sua vingança pessoal. Através de sua fantástica capacidade de ser esquecido rapidamente, o elfo sombrio é uma das razões pelas quais Thor: O Mundo Sombrio é o filme mais fraco do UCM.
21) ABOMINÁVEL
Sempre que o assunto O Incrível Hulk é trazido à baila é preciso reforçar o fato de que o filme faz parte do Universo Cinematográfico Marvel. Afinal de contas, quase ninguém se lembra de que Mark Ruffalo não é o Hulk/Bruce Banner original do MCU - uma injustiça com o ótimo Edward Norton, que faz um bom e crível trabalho no longa de Louis Leterrier. Não há nada em O Incrível Hulk que torne a obra particularmente memorável, incluindo seu antagonista. Parte militar psicopata, parte experimento que deu errado, o Abominável/Emil Blonsky (Tim Roth) só integra o roteiro para justificar a existência de uma batalha apocalíptica no terço final do filme. Mero rascunho de oponente à altura da força do Gigante Esmeralda, o Abominável é apenas mais um vilão sem personalidade que se perdeu nos anais do UCM.
20) WHIPLASH
Ah, Mickey Rourke... O que dizer sobre um dos atores mais loucos dos últimos tempos? Após ver sua carreira ressurgir das cinzas por causa de sua aclamada performance em O Lutador, o ator foi escalado para pelo menos 10 produções em um espaço de quatro anos, sendo a maior delas Homem de Ferro 2, filme que tinha a impossível missão de se equiparar ao sucesso da primeira aventura de Tony Stark (Robert Downey Jr.) nas telonas. Basicamente interpretando a si mesmo, Rourke demandou que metade dos diálogos de Ivan Vanko/Whiplash estivessem em russo; que o personagem perambulasse com uma cacatua de estimação no ombro; e bancou a adição de um dente de ouro. As escolhas, mais do que questionáveis, derrubaram Homem de Ferro 2, transformaram Whiplash em uma piada ambulante e produziram o efeito contrário ao desejado pelo ator, que queria que o público o visse como um antagonista repleto de nuances. Oito anos depois, ainda estamos tentando entender o processo de Rourke para a construção do antagonista da aventura dirigida por Jon Favreau. E seguimos falhando.
19) JAQUETA AMARELA
Darren Cross, ou o Jaqueta Amarela (Corey Stoll, de House of Cards) não é um péssimo vilão, mas é com certeza um dos mais preguiçosos de todo o Universo Cinematográfico Marvel. Engravatado genérico que coloca o lucro à frente de todo e qualquer outro objetivo ou do bem-estar de terceiros, Cross é um tipo vilanesco que já foi retratado à exaustão; no entanto, o principal defeito do inimigo do Homem-Formiga (Paul Rudd) é ser uma réplica descarada de Obadiah Stane, o vilão interpretado por Jeff Bridges em Homem de Ferro. Sem nenhum novo traço de personalidade ou arco narrativo de interesse, o Jaqueta Amarela só ganha pontos positivos por causa da cena final - o que não é exatamente um mérito seu...
18) MYSTERIO
Mysterio passa boa parte de Homem-Aranha: Longe de Casa fingindo que é um cara bom, mas na verdade é um dos vilões mais interessantes que a Marvel fez. Jake Gyllenhaal faz um trabalho convincente capaz de obter dois tipos diferentes de performances do ator talentoso, uma como um "novo herói", além de sua verdadeira como um vilão manipulativo.
Mas talvez o mais interessante sobre Mysterio seja como ele consegue dialogar com o comportamento da nossa sociedade atual, com o perigo das "notícias falsas". Por isso, ele consegue vender ao mundo uma realidade alternativa que certamente soa fiel ao mundo atual, e a reviravolta final de Mysterio é certamente um dos impactos mais significativos que um vilão já teve em um herói do Universo Cinematográfico Marvel.
17) KAECILIUS
O tanto que Mads Mikkelsen (A Caça) consegue concretizar a partir de um papel tão profundo quanto uma xícara quebrada demonstra a imensidão do talento do ator dinamarquês. Kaecilius, o "escolhido" que resolveu se unir às forças do mal, poderia ser um vilão interessante e a performance de Mikkelsen traz um caráter ameaçador ao personagem; contudo, a revelação preparada pelos roteiristas de Doutor Estranho estraga todas as chances do antagonista. No fim das contas, Kaecilius fez tudo o que fez e matou todos que matou para que um ser místico - um rosto enorme e gigante que aparentemente só pode ser produzido por uma alucinação provocada por uma viagem de ácido estragado - tente destruir a Terra. Mikkelsen merecia muito mais do que o papel de um mero capanga cuja capacidade de planejamento tende a zero.