Apesar de partir do influente romance de Frank Herbert e ter direção assinada pelo celebrado David Lynch (Twin Peaks), Duna é um dos maiores fracassos da década de 1980 nos cinemas. Três décadas depois, o livro retornará às telonas pelas lentes do aclamado diretor Denis Villeneuve (Blade Runner 2049, A Chegada), que compartilhou maiores detalhes sobre sua abordagem para a obra em entrevista ao site Fandom:
"A maior parte das ideias principais de Star Wars vem de Duna, então será um desafio resolver isso. Minha ambição é fazer um filme de Star Wars que eu nunca vi. De certa forma, é como se fosse 'Star Wars para adultos'", declarou Villeneuve, fazendo referência à declaração de que ele dirigiria um longa do Universo Star Wars e ressaltando a influência exercida pela ficção científica de Herbert sobre a maior saga cinematográfica do gênero e sobre a escrita de George Lucas.
Na trama, Paul Atreides é transferido para Arrakis, um planeta sem governo que deverá ser administrado pelo jovem protagonista. Assim como as inúmeras outras famílias que comandam planetas ao redor do universo, a Casa Atreides é filiada à Casa Corrino, a casta imperial que domina a galáxia. "Duna", lançado em 1965, vencedor do prêmio Hugo e grande sucesso de vendas, é o primeiro de uma série de livros aclamada por analisar os âmbitos da política e da religião, bem como os impactos da tecnologia sobre os seres humanos. E tal relevância cultural logo chamou a atenção do cineasta chileno Alejandro Jodorowsky.
Desejando realizar uma adaptação do livro ainda nos anos 1970, o realizador de obras inovadoras como El Topo e A Montanha Sagrada criou um imenso documento de referências visuais para provar aos grandes estúdios que ele podia dirigir o projeto e que o mesmo era viável. No entanto, após anos de esforço - documentados no elogiado e premiado Jodorowsky's Dune -, o cineasta precisou desistir de seu sonho. Futuramente, vários dos designs criados pelo realizador foram utilizados em outras obras, como Alien e Blade Runner. Villeneuve, entretanto, não pretende usar o material de Jodorowsky como referência:
"Jodorowsky é um visionário singular. Ele tem uma visão única, muito forte. Sou um ser humano completamente diferente. Seria muito presunçoso e arrogante da minha parte tentar filmar a visão dele. Adoraria conversar com ele. Quero conhecê-lo há anos. Acredito que ele é um cineasta formidável e adoraria ter visto seu Duna. Acho que seria um filme de Jodorowsky muito singular. Seria esta a visão que eu teria para Duna? Jamais. Quer dizer, tenho certeza disso porque ele é muito único", elogiou o realizador canadense.
E como "Duna" faz parte de uma grande saga literária, Villeneuve também falou sobre planos para o futuro e uma possível saga: "Eu poderia estar envolvido em um ou dois filmes. Se acontecerem. Esta é a situação. Você está me perguntando hoje sobre um projeto que sequer existe. Estou acostumado a falar sobre projetos quando eles estão filmados, finalizados, quando estou na sala de edição, quando estou prestes a lançar o filme. Aí você fala sobre algo concreto. Agora, posso estar a três semanas ou a dois meses de descobrir que ninguém concorda sobre o roteiro, e que outra pessoa assumirá. Isso pode acontecer. E quando o filme será feito? Tudo é teoria no momento".
Duna de Villeneuve, diretor cotado ao Oscar por causa de Blade Runner 2049, ainda não tem previsão de estreia.