O fenômeno Saint Seiya
O escritor e ilustrador Masami Kurumada se inspirou nas mitologias grega e romana para criar o seu mangá mais famoso: Saint Seiya, conhecido no resto do mundo como Os Cavaleiros do Zodíaco. Sua publicação aconteceu entre 1986 e 1991, na revista Weekly Shōnen Jump, sendo transformado em animê pela Toei Animation ainda no ano de sua criação e abandonado já em 1989, bem antes de seu sucesso no Brasil.
Essa história teve início há 20 anos recém completados, no dia 1º de setembro. De segunda a sexta, por volta das 18h30, era dada a hora da criançada interromper o "pique", largar a partida de futebol e colar na frente da televisão, sintonizada na saudosa Manchete, para assistir ao mais novo fenômeno da TV brasileira. A maioria aí deve se lembrar até hoje do inesquecível refrão de "Guardiões da Galáxia".
O sucesso avassalador do anime foi porta de entrada para a venda de revistas "Herói" e outras, dedicadas a séries japonesas, e uma infinidade de produtos licenciados CdZ: roupas, álbuns de figurinhas (em algumas capitais, coleções diferentes eram comercializadas simultaneamente) e os mais variados tipos de bonecos, dos pirateados de borracha aos detalhados – e caros – bonecos da Bandai, com armadura desmontável, desejo de consumo de onze em cada dez fãs da série.
Assim, Saint Seiya mostrou ao mercado o potencial que mangás e animes, antes restritos a nichos, tinham junto ao público brasileiro. A obra de Kurumada foi divisora de águas, responsável por um novo boom de abertura da cultura oriental para aquela geração e as seguintes. Em suma: sem Os Cavaleiros do Zodíaco, dificilmente haveria Dragon Ball Z, Pokemón, Yu-Gi-Oh! e Naruto.
Prova disso é lembrar das dezenas de animes que ficaram no passado: Shurato, Samurai Warriors, Sailor Moon, Yu Yu Hakusho, Super Campeões e muitos outros que até alcançaram relativo sucesso em seu tempo, mas não emplacaram junto ao público geral até os dias de hoje. Enfim, essa enxurrada de desenhos japoneses em território nacional só aconteceu graças à recepção positiva de CdZ. Além de uma extensa legião de fãs, esse é o seu principal legado no Brasil.