Eles despertam tanto fascínio quanto medo. No cinema, especialmente em filmes de terror e suspense, personalidades complexas dão origem a grandes personagens. Norman Bates em Psicose, Hannibal Lecter em O Silêncio dos Inocentes, Kevin em Fragmentado ou as diversas variações do Coringa, para citar apenas alguns. Antagonistas icônicos, eles têm uma coisa em comum: todos têm transtornos psiquiátricos.
Quando se trata de ficção, a doença mental tem uma vida difícil. As representações negativas influenciam as percepções dos espectadores, promovendo clichês e preconceitos. Aqueles que pagam o preço mais alto são os próprios pacientes. Há vários anos, o termo psicofobia tem ganhado força - em outras palavras, significa a estigmatização dos transtornos mentais.
A associação entre doença mental e violência é puramente fantasiosa
Essa representação negativa remonta aos primórdios do cinema. Em 1904, Edwin Stanton Porter fez Maniac Chase - produzido pelo inventor Thomas Edison. O filme de 8 minutos começa com um paciente trancado em uma cela de prisão vestido de Napoleão. Bastam alguns segundos para que a cena se torne violenta. O paciente se atira contra a enfermeira antes de ser contido pela equipe da prisão.
Lembre-se de que, no final de Psicose, de Alfred Hitchcock, o psiquiatra justifica os crimes de Norman Bates dando um diagnóstico de seu paciente. Por que esse clichê persiste? A resposta é simples: para racionalizar o impensável. Mas será que um personagem realmente precisa ter doença mental para ser um bom vilão?
Em retrospectiva, alguns atores e atrizes se arrependem de seu desempenho e das concepções errôneas que, sem querer, plantaram na mente do público. Esse é o caso de Glenn Close, que está empenhada em aumentar a conscientização sobre os problemas de saúde mental.
Em 1987, ela desempenhou o papel principal em Atração Fatal, interpretando Alex Forrest, uma mulher emocionalmente dependente que não aceita ser rejeitada por um homem casado. Essa personagem é hoje considerada uma das maiores vilãs do cinema norte-americano. Mas a estrela lamenta que o filme tenha desempenhado um papel na estigmatização dos transtornos mentais ao transformar sua personagem em um monstro.
“Sempre me arrependi”: Kevin Costner em um faroeste de 3 horas que fracassou impiedosamente no cinema“Nunca a imaginei como uma vilã, apenas como uma mulher em perigo”, insiste ela na Vanity Fair. Se pudesse fazer tudo de novo, Glenn Close explica que não a interpretaria da mesma forma. Essas representações sensacionalistas apresentam vários riscos. Elas podem incentivar o isolamento e a imagem ruim que os portadores têm de si mesmos.
Uma solução também é cercar cuidadosamente o lançamento de um filme com a organização de vários debates e conversas sobre os temas explorados. Um simples lembrete de que os transtornos visíveis na tela não são representativos da realidade.
*Conteúdo Global AdoroCinema