Todos Nós Desconhecidos, o novo filme do diretor britânico Andrew Haigh, é um dos melhores filmes de 2024 até o momento. Descrito pelo próprio cineasta como seu projeto mais pessoal, o filme íntimo e fantástico estrelado por Andrew Scott e Paul Mescal tocou nossos corações com uma história que nem mesmo Haigh se aventura a classificar em um gênero, mas que transita entre a fantasia e o drama e é tanto um filme de amor quanto uma história de fantasmas.
A nova joia de Haigh, que é uma adaptação do romance Strangers, de 1987, do escritor e roteirista japonês Taichi Yamada, chegou seis anos depois de seu trabalho anterior, A Rota Selvagem (2017), e se torna o terceiro filme em sua filmografia em que material anterior serviu como catalisador para o diretor abordar algo que o interessava. Ele também já havia feito isso em 2015, com o que é, sem dúvida, seu trabalho mais reconhecido: 45 Anos, um filme que foi indicado ao Oscar e recebeu aclamação unânime da crítica.
Ele tem uma pontuação de 97% no Rotten Tomatoes e, surpreendentemente, no Brasil está disponível apenas para compra digital, no serviço Apple TV.
Baseado no conto In Another Country, de David Constantine, 45 Anos é a história de Kate e Geoff, um casal que vive em uma pequena vila em Norfolk, Inglaterra, e que planeja uma grande festa para comemorar seu 45º aniversário de casamento. Tudo parece perfeito, mas a vida deles é abalada pela chegada de uma carta: uma mulher chamada Katya, com quem Geoff teve um caso amoroso nos anos 60 antes de conhecer Kate, apareceu morta em uma geleira onde ela caiu cinco décadas antes.
Como Geoff explica a Kate, ele e Katya fingiram ser casados para que pudessem dividir um quarto durante a viagem que fizeram no passado, e é por isso que as autoridades o consideram o parente mais próximo dela. A perda e o ressurgimento repentino de sua vida passada desencadeiam uma enorme agitação dentro de Geoff, enquanto Kate sente que não pode ter ciúmes e raiva de algo que aconteceu antes de ele conhecê-la.
Os protagonistas do filme, Charlotte Rampling e Tom Courtenay, foram muito elogiados e ganharam o Urso de Prata de Melhor Atriz e Melhor Ator, respectivamente, no Festival de Cinema de Berlim. Rampling também foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo papel de Kate.
Há também algo em 45 Anos que cativa completamente o diretor Ari Aster, que não hesita em considerá-lo um dos melhores filmes que já viu, apesar do fato de não ter nada a ver com seu cinema. Para o diretor de Midsommar, Hereditário e, mais recentemente, Beau Tem Medo, o filme funciona como o perfeito "reverso da moeda" de um famoso filme que Martin Scorsese dirigiu e lançou há 30 anos, A Época da Inocência, e que sempre foi um de seus favoritos.
Acho que a última sequência de 45 Anos é uma das melhores sequências de todos os tempos; sinto-me confiante em dizer isso, apesar de ter sido lançado há alguns anos.
Na verdade, Aster inclui 45 Anos em sua seleção da Criterion Collection e suas razões funcionam como uma crítica perfeita para o filme: "45 Anos e A Época da Inocência me parecem ser dois lados da mesma moeda", diz o diretor. "A maioria dos cineastas contaria a história de 45 Anos sob a perspectiva do marido, o homem que seguiu as convenções e se casou com a mulher que não amava e depois perdeu o grande romance. Mas 45 Anos é como A Época da Inocência contada do ponto de vista da personagem de Winona Ryder cinquenta anos depois. Ela é a mulher que nunca questionou as convenções ou a instituição do casamento e então percebe que não reconhece sua própria vida. Essa ilusão se abate sobre ela".
*Tradução de site parceiro do AdoroCinema
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