O Silêncio dos Inocentes é uma obra-prima que atravessou o tempo cada vez melhor. Com roteiro quase perfeito de Tad Tally, baseado em um bom livro de Thomas Harris, direção esplendorosa de Jonathan Demme, montagem, cenários (até hoje eu me sensibilizo com a abertura, elevada ao cubo com a magnífica trilha sonora de Howard Shore), fotografia de Tak Fujimoto, tudo compilado resulta em um filme épico no sentido máximo da sétima arte.
Deixei para comentar sobre o elenco no final. Jodie Foster mostra-se perfeita para o papel da agente estagiária do FBI Clarice Starling. Sua "caipirice" e pureza de sentimentos contrastam com a perversidade do personagem interpretado por Sir Anthony Hopkins, o aterrorizante e ao mesmo tempo apaixonante Dr.Hannibal Lecter. Sim, o psicanalista é capaz de ser um gourmand sedutor ao descrever como se refestela com uma de suas vitimas. Num jogo de gato e rato a agente estagiária vai ao encalço de Buffalo Bill, um serial killer que esfola suas vitimas como reses, ajudada por Lecter, que em troca de informações pessoais de Starling (quid pro quo) fornece pistas importantes para que ela tenha sucesso. Mesclando suspense e terror psicológico com pitadas de drama pessoal (a cena em que Clarice recebe o mapa com o dossiê referente a Bill, onde estão marcados os locais onde as garotas mortas foram encontradas, é antológica, nessa mesma sequência um imperador romano é citado de maneira brilhante por Lecter, pedra de toque para que a futura agente encontre o assassino).
O elenco de apoio também é brilhante. Scott Glenn (diretor do FBI Jack Crawford) em sua melhor atuação, Ted Levine (Buffalo Bill), soberbo, Anthony Heald (dr. Chilton), Kasi Lemmons (a principal colega de Clarice, Ardelia) e Frankie Faison (Barney) como o ajudante que trabalha no manicômio são os mais relevantes.
O Silêncio dos Inocentes é um filme que quanto mais assisto mais gosto. Assistimos no cinema, em 1992, e vos digo que foi impactante.
Recentemente assistimos a Longlegs, e quanta diferença. Comparar os dois é um acinte à inteligência, mesmo que mediana.
Obra-prima.
Nota 9.9.