Bom, facilmente esse é um dos filmes que entram no Top 5 de tudo o que eu já vi. De certa maneira, é um filme feito para pessoas como eu se sentirem conectadas, afinal, é voltado para adolescentes com uma vertente puxada mais para algo antropológico, que particularmente eu amo. São diversas camadas para serem exploradas, obviamente não vou esmiuçar todas, apenas alguns pontos para comentar.
• Geral: Assim como os personagens, você é simplesmente jogado lá dentro da detenção junto com eles, e assim como eles, você já viu esses personagens em algum lugar, é o típico nerd, a patricinha, o atleta, a esquisita, e o delinquente. Com o passar do filme, você se envolve com cada um deles, e tudo ocorre de uma maneira plenamente natural, todos os personagens (os 7 que aparecem), são memoráveis, e cada relação entre eles é única e bem construída. Por fim, o filme possui uma carga dramática forte, mas que não é maçante, pelo contrário, é denso e impactante, e isso se deve ao fato da maneira que é entregada, com diálogos envolventes e decisões questionáveis de adolescentes rebeldes.
• Drama: Como drama, o filme é deslumbrante e magnífico ao explorar a antropologia e relações sociais através da criatura que mais busca socializar e se sentir inclusa no mundo: O Adolescente Desfuncional. Como parte desse incrível e desgostoso grupo, eu posso afirmar com certa firmeza que esse filme entrega uma verdade embalada no roteiro de uma maneira linda e natural, tanto os adolescentes quanto os adultos possuem seus dilemas. Claro, os adolescentes possuem problemas com os pais, majoritariamente, mas isso acarreta em outras nuances que foram incrivelmente bem exploradas, como aceitação, transtornos, pressão, e principalmente, questões sentimentais.
• Comédia: Não é um filme pra gargalhar a cada 5 minutos, mas definitivamente é um filme divertido, com uma bela dose de humor seco e físico, mas que não cai para a pataquada ou galhofa, o que deixa o filme crível sem dar um ar moribundo ou bobo demais, equilibrando plenamente as duas características.
• Personagens: Certamente no que o filme mais brilha, são pouquíssimos personagens, apenas os adolescentes, o zelador, e o diretor, com uma variedade mínima de cenários, o que poderia cair muito no chato e maçante. Entretanto, todos os personagens são incrivelmente interessantes, a amarração e a construção de cada um deles é perfeitamente crível e gostoso de se acompanhar. A cada diálogo, pequenos detalhes são revelados que vão se construindo cada vez mais, ao longo de todo o filme. Particularmente, a personagem que mais me chama a atenção é a Allison, a esquisitinha, grande parte por motivos pessoais, mas também por conta de seu desenvolvimento com os demais personagens, se mostrando a mais transtornada mentalmente, e a visivelmente mais icônica, junto de Brandon.
• Visual: Falando em visual, houve um ponto que não posso deixar passar em branco, o quanto esse filme é LINDO, visualmente, mas sem fazer nada. Cada personagem possui a sua cor tema, assim como cada um deles possui uma certa disposição na câmera, o que gera uma harmonia magnífica. Além disso, toda a estética dos anos 80 e 90 que o filme carrega é maravilhoso, envelhecendo como vinho.
• Conclusão: Com alguns defeitos pontuais, como a perca da noção temporal, e um crescimento final dos personagens relativamente abrupto, esse filme explora de maneira linda as relações humanas entre adolescentes, e principalmente, os dilemas que eles carregam. O triunfo do filme está nos personagens, até o mais detestável possui um charme, é um filme para se ver várias vezes e tirar conclusões diferente em cada uma delas. Não é um filme emocionante, mas certamente traz muitas questões em pauta para se refletir, e principalmente, para se entreter, é um filme curto e passa em um piscar de olhos, de tão envolvente.