No Ritmo do Coração (CODA - child of deaf adults – filhos de adultos surdos) conta a história de Ruby (Emilia Jones), uma menina que ouve bem, mas cujo pai, mãe e irmão, são surdos. São pescadores na cidade de Gloucester, nos Estados Unidos. Ela é a única pessoa da família que escuta e sabe traduzir a linguagem dos sinais. Enquanto puxam a rede e separam os peixes, Ruby gosta de cantar belas canções. Observa-se que o horizonte familiar é restrito, indo pouco além da sobrevivência.
O ser humano tem de buscar algo mais especial em seu viver, ir além das banalidades e da forma de vida instintiva dos animais que se constitui em comer, dormir, se reproduzir. Os humanos fazem isso e também procuram diversão, numa forma rasteira de viver. A dedicação ao trabalho é uma forma de escapar do vazio, cumprir a tarefa, respeitar prazos, pois o cérebro precisa de ter algo para fazer para não ficar vagando a esmo, e ir a procura do “baseado” para aliviar a tensão, mesmo que seja um alívio passageiro.
Com o abandono da intuição a humanidade deixou de se aplicar seriamente na busca do significado da existência, muitos vivem como se fossem um robô. Em vez disso, as questões menores e as banalidades do dia a dia tomam todo tempo e se tornaram a base do viver, sem que surja abertura para uma incursão séria pela espiritualidade.
Muito dedicada, Ruby não mede esforços para ajudar sua família, mas como será seu futuro? A família poderia contratar um intérprete para atender as exigências da atividade pesqueira e seu comércio. A jovem tem no canto a sua vocação, mas fica no dilema entre o sonho de estudar na faculdade em Berklee ou ajudar a família. É nessa hora que o pai revela sua maturidade ao perceber que a menina já não era mais a filhinha, que ela estava crescendo e tinha de seguir a própria vida.