A amizade mais valiosa é a sua!
Amo janeiro! E são muitos os motivos: aniversário, verão, férias e... indicações para o Oscar! É nesta época do ano que quem gosta de cinema fica descontrolado, querendo assistir a tudo quanto é filme que foi indicado antes do grande dia do maior prêmio do cinema. E comigo não é diferente. Dentro desse desespero, pensei em facilitar a vida do superleitor. Hoje, e nas próximas três semanas que antecedem a premiação, no dia 22 de fevereiro, vou publicar quatro textos sobre o Oscar. Ou seja, neste Luiz, câmera, ação - Especial Oscar, vou falar sobre quatro filmes que estão na lista dos cinéfilos, tudo para te instigar (ou não) a vê-los – lembrando que já falei aqui sobre “Boyhood” e “Relatos Selvagens”, que, acredito mesmo, ganhará na categoria Melhor Filme Estrangeiro.
Então, pra começar com o pé direito, já vou logo pegando um longa indicado em nove categorias: “O Grande Hotel Budapeste”, do diretor Wes Anderson. Em meio a rostos conhecidos pelo grande público, como Willem Dafoe, Jude Law, Adrien Brody, Edward Norton e Bill Murray, Ralph Fiennes é a grande atração. Não sei nem como ele não foi indicado como Melhor Ator. Mas é esse protagonista que irá nos brindar com uma fantasia sagaz.
De cara, eu já gostei do que via: o filme conta uma história dentro de uma história, dentro de outra história. Na primeira cena, uma menina abre um livro, do qual seria contado o tema principal. Um escritor aparece em um escritório e vai narrando tudo que viveu no grande hotel. A partir daí, a trama vai se passar em dois tempos: em 1968, quando esse mesmo escritor mais jovem (Jude Law) ouve a história do proprietário de um hotel decadente, e nos anos 30, quando o proprietário era apenas um mensageiro, fiel escudeiro do concierge M. Gustave (Ralph Fiennes).
Se você pensa que essa demasiada contação de histórias vai te confundir, você está muito enganado. Todas as brilhantes ideias de cena são gravadas em planos incríveis, lineares, eximiamente enquadrados, e a sequência fica interessantíssima e muito bem interpretável. Assim, a trama vai sendo identificada num universo de personagens excêntricos e de humor refinado. E é em dois desses personagens que o grande lance do filme aparece na pergunta: existe valor para uma grande amizade? A relação do proprietário do hotel com seu destemido mensageiro Zero se transforma no mais trivial encontro que duas pessoas completamente diferentes – mas com objetivos em comum – podem viver. Qual o real sentido da vida se você não encontrar alguém que faça sentido em ter sentido tudo aquilo? E isso nem é complicado, veja bem: você somente estará bem, feliz e realizado com alguém – ou “alguéns” – ao seu lado. Isso é fato! No caso dos dois personagens, eles se autocompletam. O mais pobre vê no mais rico uma ascensão, um futuro promissor; já o mais rico enxerga no mais pobre uma oportunidade ou ajuda para se safar das injustiças de um caso de herança malresolvido.
Ou seja, um depende do outro, e eles traçam o seu próprio destino por meio de uma valiosa amizade. Assim, o enredo é montado, e o tal corre-corre para se dar bem e sair ileso no lance da herança se move naturalmente, como uma diversão incorrigível e colorida. O universo conspira a nosso favor, eu acredito muito nisso. Então, se fizermos a coisa certa, em algum momento da vida vamos colher o fruto desse ato excepcional. É assim nos filmes, é assim na vida. O que a gente precisa é acreditar. Acredite: a amizade mais valiosa é a sua! E botar sua fé numa boa companhia, num laço verdadeiro, para então seguir a vida, é algo insubstituível. Desenhe sem medo o seu roteiro: ele é o melhor enredo de qualquer história que possa contar.