"O Grande Hotel Budapeste" é, sem dúvida, um dos melhores filmes que eu já vi.
Ambientado perto da Segunda Guerra Mundial, os fatos contam a história do enigmático e simpático Senhor Gustave H. (interpretado com maestria por Ralph Fiennes) gerente do Grande Hotel Budapeste. Com tal função, Gustave H. zela pelo bem-estar não só do hotel, como de todos os hóspedes. Depois de contratar um "lobby boy" novato e sem experiência alguma, com o irônico nome de "Zero", estes constróem uma amizade atemporal, que chega a confundir as posições entre mestre e pupilo, tamanho número de situações que ambos se encontram. Mesmo assim, o amor pela amizade suplantou as dificuldades que Gustave H. enfrentou ao namorar uma rica senhora idosa (interpretada por Tilda Swinton, irreconhecível), vítima de um misterioso assassinato, e herdou um dos quadros mais caros da época, o "Menino com a maçã".
Todo o filme é mostrado no tom de uma fábula, e para dar maior impressão disso, todos os cenários, figurinos, diálogos e trilhas sonoras são reforços indispensáveis. Difícil não se deliciar com a música sempre presente, que ora se faz mais intensa, ora se apresenta baixinho, quase como uma confissão secreta de que algo está acontecendo por debaixo dos panos.
Ralph Fiennes está simplesmente incrível no papel principal, e constrói um personagem tão confortável, simpático e querido, que mesmos seus xingamentos são tidos como coisa sem valor. Este gerente poderia muito bem ser comparado ao Mordomo James Stevens, papel de Anthony Hopkins em "Vestígios do Dia", se não fosse um detalhe primordial: a predileção de Senhor Gustave por senhoras idosas, loiras, carentes e milionárias. De fato, tamanha confusão não teria se instalado se ele controlasse seus instintos, que ele não faz cerimônia em apresentar e reforçar várias vezes. Mas sua simpatia e modo de falar acaba cativando a todos, e muitas vezes é retratado como o último homem de uma época que não existia mais.
Outro ponto que reforça a história do filme é a narração, feita por Tom Wilkinson, Jude Law e F. Murray Abraham. Eu já tenho predileção por filmes narrados, e este então, consegue ter um estilo maravilhoso e envolvente.
Toda a história do filme é baseado nos escritos de Stefan Zweig, escritor e dramaturgo austríaco que, ao se tornar pacifista, exilou-se no Brasil e escreveu o livro "Brasil, o País do Futuro". Este suicidou-se em Petrópolis em 1942, deixando uma carta de suicídio exaltando o Brasil, dizendo "...que me propiciou, a mim e a meu trabalho, tão gentil e hospitaleira guarida...".
"O Grande Hotel Budapeste" é dirigido por Wes Anderson e já é um dos favoritos ao Oscar 2015.
Um filme recomendado ao extremo! Divertido, empolgante, misterioso e carismático, vai te prender do começo ao fim!