"O destino de Júpiter", estreando hoje nos cinemas brasileiros, cumpre muito bem o que promete no trailer: efeitos, ação, pouco nexo e qualidade escassa. Filme fajuto.
Os efeitos visuais têm suas virtudes: de modo geral, são bem feitos e bem executados nas incessantes cenas de ação - não custa lembrar que os Wachowski (aqueles de "Matrix") dirigiram a obra, dando alguma credencial. A maquiagem é exagerada, mas o cenário e o figurino compensam. O layout é muito charmoso. Já os efeitos sonoros destoam entre si: a edição de som é paupérrima - fato bastante grave, pois um filme de ficção científica costumeiramente depende desse fator -, por outro lado, a mixagem de som é boa. Inexplicável.
O roteiro opta por pouca história e muita ação. As cenas de ação, ainda que exageradas em termos de quantidade, não chegam a comprometer, pois o que compromete mesmo é a história. Ou melhor, a falta dela. Em síntese, um roteiro muito raso (do tipo: "qual a moral da história?"), extremamente mal explicado (aqui entra o pouco nexo) e com personagens tão sutis que se tornaram dependentes de seus intérpretes.
Explicando melhor. O roteiro é raso porque vai do nada ao lugar algum, faz um mistério inócuo, deixa dúvidas e elementos sem explicação. Aliás, algumas circunstâncias são lançadas de forma irresponsável, abusando da criatividade que uma ficção científica permite. "Avatar", por exemplo, cria uma nova realidade, mas o roteiro não comete o equívoco de fingir que ensina essa realidade e presumir que o que não é ensinado fica subentendido. Sequer as personagens construídas no roteiro se salvam: a protagonista, vivida por Mila Kunis, é insossa demais, o que prejudica a atuação de Kunis, melhor em personagens densas. Chaning Tatum é o mesmo de sempre, no modo robótico. Precisavam de um ator sarado para ficar várias cenas sem camisa, não é? Como um filme não pode sobreviver apenas com um casal bonito, inseriram coadjuvantes de considerável luxo. Sean Bean, ainda que de pouca relevância, destaca-se da maioria. Douglas Booth, ainda pouco experiente, teve dificuldade em manejar uma personagem tão dúbia quanto Titus, largando o questionável talento para o charme inquestionável (bom se fosse apenas ele em Hollywood). Tuppence Middleton é tão irrelevante que não merece mais que uma linha. E Eddie Redmayne... esse nunca deixa a desejar, ao revés, mesmo com uma personagem ruim em um filme fajuto consegue tirar leite de pedra. Impressionante o seu talento e a sua transformação a cada papel. Se é a ação que carrega a história, é Redmayne que carrega o elenco. Mas nenhum deles salvam o filme.