No início na década de 1980, Silvio Santos havia acabado de obter a autorização para inaugurar a sua própria rede de televisão, utilizando antigas concessões cassadas da TV Tupi. No entanto, com o SBT oficialmente no ar, surgiu um novo desafio: preencher as 12 horas diárias que ainda estavam vagas na grade de programação.
Com o objetivo de atrair o público nas noites de sábado, Silvio buscava um programa que fosse envolvente, repleto de brincadeiras e muita música. Foi então que ele recorreu à produtora e atriz argentina Nelly Raymond, pedindo que ela criasse um formato exclusivo para a emissora. Dessa colaboração nasceu o Viva a Noite, o primeiro programa de Gugu Liberato na televisão, marcando o início de uma trajetória de sucesso.
Antes disso, Gugu já havia comandado o Sessão Premiada Paulista, mas não era um programa propriamente dito, e sim um quadro exibido nos intervalos dos filmes, com apenas uma bancada e um telefone para atender aos telespectadores e distribuir prêmios. A atração era transmitida apenas para o estado de São Paulo.
Já o Viva Noite, tinha tudo o que o jovem apresentador sonhava: um auditório animado, cenário grandioso, convidados famosos e números musicais!
Moacyr do Santos/SBT
Como era o programa Viva a Noite?
Curiosamente, o Viva a Noite estreou em uma terça-feira, em 1982, e só foi transferido para os sábados no ano seguinte. No início, Gugu dividia a apresentação com outros nomes, como Ademar Dutra, Mariette Detotto e Jair de Ogum. Porém, após ajustes no formato e algumas mudanças, o carismático apresentador assumiu sozinho o comando da atração.
Inspirado pelo filme Os Embalos de Sábado à Noite (1977), o show noturno rapidamente se destacou pelos concursos e quadros divertidos que exibia. Celebridades eram convidadas para participar das brincadeiras, e alguns anônimos da plateia também tinham a chance de subir ao palco. A cada vez que Gugu encerrava um bloco e chamava os comerciais, ele dizia entusiasmado "Viva a Noite!", e a plateia respondia em coro: "Viva, viva, viva!"
A atração do SBT também ficou marcada por trazer o grupo Menudo ao Brasil, logo após o lançamento do seu primeiro álbum em português, que incluía o hit "Não se Reprima". A repercussão foi enorme, impulsionando o sucesso da boy band no país. Além disso, foi no mesmo programa que os grupos Dominó e Polegar foram lançados.
Sonho Maluco: um sucesso do programa
Um dos quadros mais famosos do programa de auditório era o "Sonho Maluco", em que fãs enviavam cartas com pedidos insanos – e até perigosos – envolvendo seus ídolos, e, surpreendentemente, muitos deles eram atendidos!
Em uma das edições, por exemplo, Rita Cadillac tomou banho ao lado de um fã, realizando o excêntrico desejo do participante (sim, montaram um chuveiro no palco!). Em outra ocasião, o próprio Gugu desceu de um prédio em uma corda, vestido de super-herói, para "salvar" uma mulher. Tudo isso, claro, sob a supervisão e auxílio dos bombeiros.
O quadro ainda trouxe outras situações para lá de malucas, como um banho de champanhe com Gretchen, acampamento com Mara Maravilha e o dia em que os membros do grupo Titãs "salvaram" uma fã do ataque de um Homem-Aranha nas alturas!
Concurso Rambo Brasileiro
Outro quadro de grande sucesso do Viva a Noite foi o "Rambo Brasileiro". Em 1988, o filme estrelado por Sylvester Stallone estava em alta, e Gugu soube aproveitar essa febre criando um concurso temático. A ideia era simples: qualquer pessoa que se achasse parecida com o personagem Rambo poderia se inscrever. Os selecionados, vestidos a caráter, tinham que gravar um clipe de ação inspirado nos filmes da franquia, entre outros desafios.
Reprodução/SBT
No palco, os fortões descamisados faziam um desfile com poses típicas dos campeonatos de fisiculturismo. Em seguida, Gugu os entrevistava, fazendo perguntas sobre suas vidas pessoais e, às vezes, abordando questões um tanto quanto constrangedoras. Ao final, o time de jurados dava notas e um "Rambo" era eliminado a cada semana, até chegar ao grande vencedor!