Minha conta
    "As pessoas não precisam te aplaudir; elas não têm que gostar do seu trabalho", solta Jenny Beavan sobre seu figurino do Oscar

    Jenny Beavan venceu o Oscar 2016 por seu trabalho no figurino de Mad Max: Estrada da Fúria.

    Getty Images/Dan MacMedan

    "Eu gosto de usar jeans. Eu tenho roupas para me arrumar, mas [no Oscar] foi uma decisão consciente de não usar as vestimentas do padrão. Eu sou britânica com uma característica um pouco rebelde; sempre fui. Mas, na verdade, vocês me viram. Eu sou baixinha, gorda. Eu ficaria ridícula de vestido. O que eu estava vestindo no Oscar foi uma homenagem a Mad Max - uma roupa meio motociclista. Eu pensei, 'Se eu não posso vencê-los, ou se não posso me juntar a eles, então por que não tentar algo um pouco divertido?"

    A figurinista Jenny Beavan conquistou no último domingo o seu segundo Oscar de melhor figurino, pelo seu trabalho em Mad Max: Estrada da Fúria, mas não foi ainda sem outra polêmica que a temporada de premiações de 2016 chegou ao fim. Longe de reproduzir em seu próprio figurino da noite os padrões de Hollywood ou da Academia, Beavan recebeu seu prêmio vestindo uma jaqueta de couro (vegano) e calçando botas. E isso foi suficiente para que ela se tornasse o tema de outra discussão, quando um Vine viralizou mostrando que ela não estava sendo aplaudida por outros indicados ou presentes (incluindo Tom McCarthy e Alejandro G. Iñárritu) enquanto se encaminhava ao palco para receber o seu prêmio.

    Em uma entrevista ao The Hollywood Reporter, Beavan explicou a escolha do seu figurino, sem se desculpar, e revelou que espera que a sua decisão e a repercussão gerada incentivem outras mulheres a sentirem-se bem consigo mesmas;

    "A academia não disse nada sobre um dress code restrito. Eu acho que eles podem ter dito para usarmos black tie, mas nada sobre ter que usar saltos, não como em Cannes onde aparentemente nenhuma mulher poderia ir ao tapete vermelho sem usar saltos. Eu estava furiosa com aquilo! Quer dizer, convenhamos, isso é louco. Quando eu fui indicada [ao Oscar] por O Discurso do Rei (2010), eu usei uma jaqueta chinesa preta e calças combinando, feitas para mim por Jane Law, que também fez o vestido da Lily James em Cinderella. Jane fez a roupa para mim e foi ótimo. Mas este ano eu estava tentando fazer algo mais divertido. Tudo o que eu ouvi foram comentários positivos enquanto eu chegava e, obviamente, algumas pessoas gostaram muito. Minha filha e meu genro disseram que a resposta foi maravilhosa e muito calorosa."

    Já quanto ao aparente “boicote dos aplausos” enquanto ela se encaminhava ao palco, Beavan foi certeira em diminuir a polêmica: “Eu só acho que eu fui um pouco devagar. Era muito fácil tropeçar, mesmo eu usando um par de botas. Eu só queria ir sem pressa. E, honestamente, eu não aplaudi o tempo todo [durante a cerimônia] -- as suas mãos cansam. Nós já tínhamos aplaudido bastante àquela hora. Eles não eram obrigados! Eu não dou a mínima se eles não aplaudiram. Eu me senti muito bem, recepcionada, eu estava muito orgulhosa de fazer parte do filme e por George [Miller, diretor] e não fazia diferença o que as outras pessoas pensam, de verdade.”

    O Vine captura o momento em que Alejandro G. Iñárritu aparece de braços cruzados enquanto Beavan caminha, um dos motores para a discussão. Confira;

    Em sua defesa, Iñárritu — vencedor do prêmio de melhor diretor por O Regresso, voltou ao assunto e explicou ao The Guardian: “Eu considero Jenny Beavan uma mestra do figurino e muito merecedora do Oscar por Mad Max: Estrada da Fúria. (...) Ao editar e omitir a completa realidade e sugerir que eu senti qualquer coisa que não seja admiração é maldoso e falso. O que você não vê nos 10 segundos do clipe circulando não os meus aplausos para Jenny enquanto ela subia as escadas para o palco”.

    Confira o GIF:

    via GIPHY

    E o diretor concluiu: “Eu aprendi muito nesta temporada de premiações... que eu nunca devo cruzar os meus braços quando estou sentado”.

    Encerrando a discussão e diminuindo a polêmica da forma mais benéfica possível, Jenny Beavan deixa um recado motivador: “Eu não senti em momento algum que as pessoas da Academia não apreciaram [a roupa]. Eu realmente acho que as coisas vão se acalmar, mas o que eu quero é que isso gere um efeito positivo sobre como as mulheres se sentem sobre elas mesmas. Você não precisa parecer uma supermodelo para ter sucesso. Se pudermos lembrar disso, seria uma coisa ótima. É muito bom se sentir bem, porque aí você pode fazer qualquer coisa. As pessoas não precisam te aplaudir; elas não têm que gostar do seu trabalho.”

    facebook Tweet
    Links relacionados
    Back to Top