A magia do cinema promove o que a audiência quer ver: um tubarão faminto atacando pessoas no clássico Tubarão, dinossauros perseguindo protagonistas e matando por esporte como no novo Jurassic World, cobras sanguinárias à solta em Anaconda, Serpentes a Bordo e em longas trash como Python: A Cobra Assassina, piranhas assassinas e voadoras em outros tantos filmes do gênero. A imaginação rola solta. Só que o público sabe a verdade: tudo isso é ficção, fruto de maquiagem, prótese e efeitos visuais e nenhum ator (ou animal) foi ferido durante as filmagens.
Mas já pensou se algum desses cenários fosse real? Essa é a premissa de Roar, um filme de 1981 - lançado muito antes da música de Katy Perry - que estava "perdido" até o momento. Um longa-metragem sobre uma família que viveu dez anos ao lado de felinos e outros animais, considerada a produção mais perigosa já feita. Os nomes famosos no elenco? Melanie Griffith e Tippi Hedren.
Descoberto recentemente por James Shapiro, chefe de operações da Drafthouse Films, responsável por relançar filmes que estão, segundo ele, "perdidos no tempo e maduros para a redescoberta", Roar foi finalmente lançado nos Estados Unidos. A primeira reação de Shapiro foi: "Eu não acredito que este filme exista". Um crítico foi além e afirmou que "É como assistir a um live-action de O Rei Leão com Mufasa segurando uma navalha contra a sua garganta". Assista ao trailer:
Tudo começou quando o produtor de O Exorcista Noel Marshall e sua esposa, a atriz Tippi Hedren, resolveram fazer um filme usando leões, após uma viagem à África. Originalmente, eles queriam simplesmente "alugar" animais treinados de Hollywood, mas os treinadores disseram que a única maneira de fazer um filme do jeito que queriam era se eles próprios criassem os leões.
Então, foi o que fizeram ao longo de 10 anos: os dois e sua família - inclusive a filha de Hedren, Melanie Griffith - criaram cerca de 150 felinos, entre leões, tigres, pumas e guepardos, e outros animais, como elefantes, flamingos, avestruzes e girafas - a princípio ilegalmente. E documentaram tudo isso.
Eles passaram a amar os animais. Só que chegou um momento em que tudo saiu do controle: os felinos passaram a atacar os seus "donos", o que fez do filme uma aventura na qual uma família foge e se defende de animais selvagens. Há cenas em que é impossível distinguir se os bichos estão brincando com Marshall ou o atacando. O público não sabe se ri ou se grita.
Enquanto isso, as câmeras não param de rodar e a própria equipe de filmagem se põe em perigo, dando margem para uma trágica e divertida a chamada para o longa: "Nenhum animal foi ferido durante as gravações deste filme. 70 membros do elenco e da equipe foram."