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    É um dos piores filmes do cinema americano: Há 88 anos causou uma onda de pânico nos Estados Unidos
    Eduardo Silva
    Eduardo Silva
    -Redator
    Jornalista que ama filmes sobre distopias e animes de battle royale. Está sempre assistindo alguma sitcom e poderia passar horas falando sobre Yu Yu Hakusho e Jogos Vorazes.

    Reefer Madness foi lançado em 1936 como um filme de propaganda para combater o uso de maconha em todo o país, principalmente entre os jovens. Ele teve um destino muito incomum.

    No final da década de 1990, o Office of National Drug Control Policy (ONDCP), órgão estatal responsável pela luta contra as drogas nos Estados Unidos, decidiu que os comerciais de TV que alertavam sobre o uso de drogas e a devastação causada por elas não estavam sendo o suficientes.

    Foi então tomada a decisão de se “infiltrar” em séries de TV de sucesso, como Beverly Hills, 90210/Barrados no Baile e ER/Plantão Médico, para transmitir o discurso antidrogas de uma forma mais ou menos sutil, desenvolvendo arcos de história sobre esse assunto.

    Mas, na verdade, o governo dos EUA já havia abordado a questão das drogas nas telas décadas antes. Na década de 1930, especificamente. Foi assim que foi criado o filme de propaganda Reefer Madness (1936), também conhecido como Tell Your Children, e que foi lançado no Brasil com o curioso título A Porta da Loucura.

    Aqui está o trailer:

    Dirigido por Louis Gasnier, um diretor francês, e originalmente produzido por uma organização religiosa católica, o filme gira em torno dos eventos melodramáticos que ocorrem quando estudantes do ensino médio são atraídos por vendedores que tentam convencê-los a experimentar maconha.

    Depois de experimentarem a droga, eles se tornam viciados e acabam se envolvendo em vários crimes, como atropelamento e fuga, homicídio culposo, assassinato, conspiração e tentativa de estupro.

    New Line Cinema

    Como resultado, Reefer Madness/A Porta da Loucura gerou pânico nos lares americanos, com os pais compreensivelmente horrorizados com a ideia de supostos traficantes perambulando pelos corredores das escolas de ensino médio vendendo drogas para seus filhos.

    O suficiente para que, em 1937, o Congresso tornasse a posse de maconha um crime federal ao aprovar o Marihuana Tax Act. Foi somente em 1970 que a lei foi substituída pelo Controlled Substances Act após o caso Thimothy Leary. Condenado em 1965 a 30 anos de prisão por posse ilegal de maconha, ele provou em recurso sob a 5ª Emenda que a lei era inconstitucional, levando à sua absolvição.

    Um filme antidrogas reverenciado por usuários de maconha

    E quanto a Reefer Madness? Pois bem, depois de uma breve exibição nos cinemas, ele foi esquecido por algumas décadas... até ser redescoberto em 1971. Um homem chamado Keith Stroup, fundador da NORML (Organização Nacional para a Reforma das Leis da Maconha), que fazia campanhas pela legalização da maconha no país, comprou uma cópia do filme por 297 dólares e a exibiu em vários festivais.

    Foi um grande sucesso e chegou a ser exibido em campi americanos em meio aos protestos contra a intensificação da guerra no Vietnã. O filme até aumentou a conta bancária de uma empresa recém-chegada, responsável por sua distribuição: a New Line Cinema (um futuro gigante que viria a desempenhar um papel importante no setor cinematográfico, pois o estúdio futuramente distribuiria a saga O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson, nos EUA).

    A Porta da Loucura, classificado entre os piores filmes do cinema americano, inspirou um musical em 1998 nos Estados Unidos, que, por sua vez, deu origem ao musical satírico A Loucura de Mary Juana, de Andy Fickman, em 2005. Além disso, o filme entrou em domínio público nos Estados Unidos. Assim, você pode encontrá-lo facilmente se quiser assisti-lo.

    A Porta da Loucura
    A Porta da Loucura
    1h 06min
    Criador(es): Louis Gasnier
    Com Dorothy Short, Kenneth Craig, Lillian Miles
    Usuários
    2,9

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