O cinema brasileiro conta com muitas pérolas escondidas em sua história. Apesar de vivermos na era dos serviços de streaming, há grandes produções que ainda esperam por uma chance de conquistar o grande público. Uma aventura sci-fi distópica recheada de denúncias globais, Abrigo Nuclear é um desses filmes.
Dirigido por Roberto Pires, de A Grande Feira e Tocaia no Asfalto, o projeto lançado em 1981 apresenta uma ficção científica ao mesmo tempo instigante e desesperadora. O longa tem início após o planeta ser assolado por radiação ionizante. Para preservar a espécie humana, a população é alocada em um abrigo subterrâneo.
"Um dos melhores filmes do ano"? Críticos elogiam o novo filme de ficção científica do diretor de Star Wars, Rogue OneChefiados sob forte regime pela Comandante Avo (Conceição Senna) e seus fiéis, a geóloga Lix (Norma Bengell) e um grupo de habitantes desenvolvem um projeto que permitirá o retorno da raça humana à superfície, e a libertação do controle de Avo.
Alguns podem desconhecer os grandes feitos de Pires, mas o realizador foi uma referência para muitos durante a sua trajetória. Produtor de Barravento, primeiro longa de Glauber Rocha, o realizador era referenciado como um "aventureiro na hora de descobrir formas de fazer as coisas", como disse o cineasta Oscar Santana no documentário O Artesão de Sonhos.
A Repartição do Tempo: Diretor e roteirista debatem o estado da ficção científica nacional e o caótico cenário político de Brasília (Entrevista Exclusiva)O próprio pai de Deus e o Diabo na Terra do Sol enaltecia o trabalho de Roberto de maneira ímpar. “Se o cinema não existisse na Bahia, Roberto Pires o teria inventado”, escreveu Glauber no livro “Revisão Crítica do Cinema Brasileiro”.
Uma crítica ao governo ditatorial, o realizador representa a tirania do sistema através das forças de poder representadas em seu longa. Além de trazer a questão sobre o uso de armas nucleares às telonas, em meio aos desastres que permearam a humanidade durante o século XX, uma discussão que ainda é relevante atualmente devido ao domínio de bombas que poderiam exterminar a humanidade - ou mandá-la para o subsolo definitivamente.
Após seu lançamento, o diretor ainda seguiu com algumas propostas que orbitam o gênero com Energética, Brasília, a Última Utopia e Césio 137 - O Pesadelo de Goiânia. Apesar de não estar disponível em plataformas de streaming, o longa está supostamente em domínio público com uma cópia no Youtube.
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