Com a perspectiva dos anos, parece que A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell não foi lembrado como o grande blockbuster que seria, mas pela polêmica que havia na época em relação à etnia de sua protagonista. Uma posição que não é partilhada pelo realizador do original, que considerou Scarlett Johansson "a melhor opção possível".
O Ghost in the Shell - O Fantasma do Futuro, de 1995, é um clássico indiscutível de anime e ficção científica. Foi a primeira de muitas adaptações que o mangá de Masamune Shirow receberia a partir de então e esperava-se que, mais cedo ou mais tarde, uma delas fosse Hollywood.
Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador) aceitou o desafio e sua versão em live-action foi lançada em 2017. O filme arrecadou cerca de 169 milhões de dólares em todo o mundo, um número que mal ultrapassou seu orçamento e fechou as portas para qualquer possibilidade de transformá-lo em uma franquia.
Na época, houve um debate importante: a escolha de Scarlet Johansson para o papel principal representaria um embranquecimento e apagamento da etnia da personagem original. No entanto, Mamoru Oshii, diretor do filme de 1995, disse em uma entrevista que não via problema em escolher uma atriz não asiática. Relembre:
"Que problema deve haver em escolhê-la? É uma ciborgue e sua forma física é completamente fictícia. O nome de Motoko Kusanagi e seu corpo atual não são nem seu nome nem seu corpo real, então dizer que uma atriz asiática deveria interpretá-la não tem base. (...) No cinema, John Wayne pode interpretar Genghis Khan, Omar Sharif, um árabe, pode interpretar o Doutor Jivago, um eslavo. É tudo convenção cinematográfica", afirmou.
Além disso, o cineasta comparou a escolha com o clássico vilão de Star Wars. "Se isso não é permitido, então Darth Vader também não deveria falar inglês. Acho que Scarlett foi a melhor escolha possível para dar vida a Motoko. Só consigo pensar em uma motivação política para me opor a isso e acredito que a expressão artística deve ser livre de política.
Antes mesmo de ver o filme, Oshii também defendeu a liberdade criativa de Sanders diante dessa adaptação, em vez de se preocupar em ser o mais fiel possível ao anime: "O diretor deve ter total liberdade na direção. Se não, não adiantaria fazer o remake".
A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell está disponível para streaming no catálogo do GloboPlay.