No final do século 18, dificilmente se poderia ter um inimigo mais poderoso do que Napoleão Bonaparte na França – e, de fato, o comandante conseguiu apagar da memória coletiva a obra virtuosa do violinista e compositor Joseph Bologne, Chevalier de Saint-Georges (1745-1799). E por uma única razão: Joseph Bologne não era apenas filho de um fazendeiro francês, mas também de uma mulher africana escravizada.
Embora várias composições tenham sobrevivido à destruição ordenada por Napoleão, a importância do artista foi posteriormente marginalizada a tal ponto que nos séculos seguintes ele foi usualmente classificado apenas como "o Mozart Negro". Mas vale lembrar que foi Joseph Bologne quem serviu de modelo para Mozart, que era onze anos mais novo que ele, e não o contrário.
Atualmente, essa história pode ganhar um pouco de justiça – porque a cinebiografia do compositor Chevalier: A Verdadeira História Nunca Contada, que teve sua estreia mundial no outono passado, no Festival de Toronto, está disponível no Star+.
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O enredo de Chevalier: A Verdadeira História Nunca Contada
Graças ao seu imenso talento no violino, Joseph Bologne (Kelvin Harrison Jr.) consegue subir na escala social na França do século 18 – apesar de suas origens e cor de pele, que tornam tal sucesso praticamente impossível na época.
Quando, apesar de suas qualificações, lhe é negado um cargo de prestígio, é sua patrona Maria Antonieta (Lucy Boynton) quem propõe uma aposta como solução para o problema: se Joseph Bologne compuser uma ópera melhor que a de seu maior concorrente Christoph Willibald Gluck (Henry Lloyd-Hughes), o posto será dele.
Antes mesmo do título desaparecer no início da história, há uma sequência em que Joseph Bologne desafia o famoso Wolfgang Amadeus Mozart (Joseph Prowen) no palco – e até o interpreta um pouco em segundo plano com seu virtuosismo e charme.
Um começo poderoso, que, no entanto, promete um pouco mais do que o restante do filme pode cumprir - é uma cinebiografia que definitivamente vale a pena ser contada, mas não necessariamente original. A trama surge com uma modernidade aqui e ali, mas, no geral, é sobre ter um belo efeito de apoio ao estado e sua condição histórica.
