Se tem uma tendência bem comum em Hollywood é a de lançar reboots e trazer novas versões de histórias já conhecidas. Um movimento recorrente nos últimos anos é a renovação de clássicos para contextos mais modernos. Inclusive, a história de amor mais famosa do mundo teve uma releitura única em 2018 com o filme O Beijo da Morte (With a Kiss I Die, no original).
O longa-metragem, dirigido por Ronnie Khalil e estrelado pelas atrizes Ella Kweku e Paige Emerson, subverte (quase) tudo o que conhecemos sobre a história de Romeu e Julieta nos cinemas ao trazer uma versão sáfica do conto — na qual duas mulheres formam o casal principal e Romeu não é o protagonista da trama.
Como a representatividade lésbica nos cinemas evoluiu nas últimas décadas?Em O Beijo da Morte, Julieta Capuleto — baseada livremente na personagem original escrita por William Shakespeare — é arrancada da morte e transformada em uma vampira. Ela então é forçada a viver por toda a eternidade sabendo que seu primeiro grande amor, seu doce Romeu, morreu em seus braços há quase 800 anos.
Deprimida e de coração partido, ela encontra em uma jovem a esperança novamente. A moça captura o coração de Julieta, e a ajuda a superar a perda, ensinando como dar uma segunda chance ao amor. Mas a nova família de Julieta, chefiada por um patriarca sedento de sangue, desaprova o casamento, fazendo com que ela tenha que escolher entre o amor e as obrigações familiares.
Julieta negra e bissexual
Uma das características mais interessantes de O Beijo da Morte é, além do romance sáfico, que Julieta, personagem historicamente interpretada por atrizes brancas, é vivida por uma mulher negra. A atriz espanhola Ella Kweku, que também esteve na série Warrior Nun, dá vida à famosa protagonista de Shakespeare neste filme.
Sua escalação no longa-metragem aconteceu de forma inesperada. Ella Kweku leu o roteiro pela primeira vez para ajudar o diretor de fotografia Jorge Valdesiga, que é disléxico e queria saber a trama para decidir se trabalharia ou não no filme. A atriz imediatamente se interessou pela produção, como conta em entrevista ao site Girl Talk HQ.
"Eu li e perguntei ao meu diretor de fotografia se ele poderia perguntar a Ronnie Khalil, o diretor, se eu poderia produzi-lo. Ele perguntou a Ronnie, mas não sobre eu produzir. Ele pediu para fazer um teste comigo. Naquele momento, eu nem estava pensando em atuar. Tive uma experiência ruim com o primeiro filme que fiz, pois achei difícil sair do meu papel, então não queria entrar em um drama."
Felizmente, a atriz conseguiu o papel e se tornou a co-protagonista ao lado de Paige Emerson.