Filmes de viagem no tempo não são novidade e é difícil para qualquer cineasta injetar algo novo no gênero. Na verdade, toda criança que viu aquele episódio dos Simpsons em que o Homer continua viajando no tempo com repercussões cada vez mais catastróficas sabe que mexer com o tempo pode alterar a linha do tempo do mundo em um grau devastador. De qualquer forma, os co-roteiristas/diretores Eric Bress e J. Mackye Gruber obviamente viram esse episódio também e, decidindo vinculá-lo à teoria do caos. Formando no processo o roteiro deste filme.
Na trama: Ashton Kutcher é Evan Treborn, um estudante universitário talentoso com um colega de quarto gótico gordo e alguns traumas de infância sérios que ele bloqueou de sua memória. Isso inclui pedofilia nas mãos do pai bêbado de sua namorada de infância Kayleigh, que faz filmes pornográficos infantis, espancamentos do irmão de Kayleigh, o assassinato de seu cachorro, o assassinato acidental de uma mãe e seu bebê e o encarceramento não intencional de um de seus amigos em uma prisão. lar mental. O fato é que você não pode culpá-lo por querer esquecer, mas uma causa mais sombria dos desmaios na infância de Evan está na raiz de seus problemas. Depois de inesperadamente viajar no tempo enquanto lia um dos diários de infância que um psiquiatra o encorajou a escrever na esperança de recuperar suas memórias, Evan descobre que herdou uma maldição de seu pai institucionalizado. Ah sim, esqueci de mencionar que outro episódio traumático da infância de Evan foi a tentativa de assassinato de seu pai. De qualquer forma, após o suicídio de sua namorada de infância, Evan opta por usar suas recém-descobertas habilidades de viagem no tempo para mudar os eventos do passado para melhorar as coisas no presente. O problema é que Evan nunca viu aquele episódio dos Simpsons.
Efeito Borboleta possui um conceito básico interessante, porém se perde ao se mostrar como uma obra simplista e com uma visão de mundo jovial demais. Eric Bress e J. Mackye Gruber escrevem a obra como se fossem dois adolescentes tapados, absolutamente tudo no longa precisa ser trágico ou chocante demais, todas as consequências das viagens vão ou arrecadar em morte e mutilação ou em loucura ou em todos ao mesmo tempo, porque este é um filme cheio de tentativas vazias dos diretores em querer chocar o público, e não só chega a ser cansativo, como ao meu ver é meio enfadonho. e pra piorar existe o director's cut, que consegue o feito de torná-lo ainda pior, nele os diretores apresentam um final que novamente tenta ser trágico e apoteótico onde vemos o Evan impedir o seu nascimento. Sendo que ao meu ver, o grande final apoteótico e trágico já está na versão de cinema. onde Evan apenas impede de ter conhecido a Kayleigh, seguindo as suas vidas em frente e isso se conclui na cena final onde muitos anos eles se reencontram brevemente, sendo que ele sabe que nunca mais poderá ter a chance de desfrutar de sua amada novamente, pois aquele não era mais o seu destino, e tudo seguido ao som de 'Stop Crying Your Heart Out' do Oasis – uma das músicas mais bregas, sinceras e que mais remetem aos anos 2000 já feitas – um final bastante poético, mas bom demais para um filme tão medíocre.
É até meio irônico pensar que anos depois foi lançado o filme Questão de Tempo, um filme que possui uma premissa bem parecida com Efeito Borboleta, com diferencial de ser uma obra bem mais despretensiosa e assumidamente uma comédia romântica com toques de drama, porém mesmo não tendo o mesmo nível de pretensão e a música do Oasis; é um filme tão mais sincero, apresentado personagens e situações tão mais criveis e humanas, que no geral acaba executando a premissa de uma viagem no tempo inusitada de uma forma bem mais competente que qualquer versão de Efeito Borboleta.