Esperado debaixo de enorme "frisson", esse Spielbergé aquele filme que poderia ter sido e que não foi. Perdeu-se na ambivalência de ser um filme idealizado por Kubrick e realizado por Steve. O filme fica dividido em três partes: a) O início (até o momento em que David é abandonado na floresta), é Kubrick no que ele tinha de melhor: pessimista, visionário, angustiado com o destino da espécie humana; b) da luta pela sobrevivência de David até o encontro da estátua da "Fada Azul" no fundo do mar (quando o filme deveria ter terminado), é Spielberg no que ele sabe fazer como ninguém: futurista, aventureiro, técnica impecável; c) daí até o finalé um melodrama, uma fantasia, um mimo para o público infantil sair satisfeito; mas, que estragou o lado bom. Mais uma vez, desempenho admirável do jovem ator Haley Joel Osment, na difícil tarefa de compatibilizar o meca/máquina com o meca/sentimento, sem jamais ser meca/orga. Perfeito!No final, a marca de Stanley Kubrick para ser discutida à exaustão: a máquina poderá vir a amar o humano. Mas a capacidade de amar do ser humano será ilimitada, ao ponto de ele vir a amar uma máquina? Quem viver, verá!