A.I. - Inteligência Artificial é um ótimo exemplo de como um roteiro amarrado ainda pode caminhar por trilhas errôneas.
O que eu posso dizer? Mais uma vez, o Spielberg como diretor não erra aqui: o trabalho com a movimentação da câmera, a direção para os atores, é tudo muito bem-feito. Inclusive, ressalvas para o Haley, que já havia me impressionado em O Sexto Sentido, mas que aqui está ainda mais potente na atuação. A música não poderia ter sido composta por outra pessoa: John Williams é o mestre nisso. A fotografia de Janusz Kaminski é belíssima! Fiquei encantado diversas vezes ao longo do filme. Ademais, os efeitos especiais nessa obra são dignos de Oscar e envelheceram muitíssimo bem! O roteiro é amarrado muito bem e traz reviravoltas ou momentos inesperados que realmente te pegam.
Mas em que esse filme peca? Por que da minha nota mais baixa? Simples: o primeiro ato desse filme (do seu começo ao princípio da jornada do David) é fenomenal! Algo profundo, faz as emoções aflorarem na sua pele e chega até mesmo a ser filosófico; o segundo ato é bom: o nível decai um bocado, mas ainda é gostoso de assistir. Agora, o terceiro ato é um crime! Que coisa horrorosa! Houve um momento que pensei "Ok, agora o filme vai retomar a qualidade do primeiro ato" e o contrário acontece: ele só decai, e decai com lentidão... Com tanta lentidão que chega a dar sono; e quando o que era para ser clímax acontece, você já está esparramado na poltrona, orando para que acabe logo.
Em momento algum dos primeiros minutos eu poderia imaginar que eu me pegaria torcendo para que esse filme acabasse logo. O que foi feito na conclusão da obra puxa-a para um lado da coisa que não sei sequer explicar para expressar minha frustração. Assista sabendo que você vai começar amando, vai continuar gostando, vai pensar "Agora a coisa vai pegar fogo!", depois "Isso não acaba?" e, por fim, vai terminar pensando "Que final horrível foi esse?!". Uma conclusão que não conclui o arco do protagonista direito e ainda leva a filosofia do filme para um lado... Aleatório. A nota só não fica mais para baixo por tudo que elogiei.