"O que ficou para trás" é um longa de terror com uma ótima construção e desenvolvimento de personagens e trama, temos um horror contido que permeia a obra que vai além do sobrenatural, temos um horror social que funciona muito bem ao decorrer da obra, mesmo que esse aspecto seja explorado de um jeito leve e muitas vezes subjetivo.
O roteiro, que conta a historia de um casal de refugiados que foge para Inglaterra, e em sua nova vida precisa lidar com o preconceito, com a fobia social e com a dor e arrependimento de ter perdido um filho na travessia, o filme é cheio de pequenos percalços e detalhes que complementam sua obra, como a exploração da cultura do sudão e a religiosidade que mescla a psique de traumas do casal.
A direção de Remi Weeks é muito boa, o diretor sabe construir muito bem a tensão, sem apelar para efeitos sonoros ou sustos baratos, aqui o medo é real, ele é construído e vai crescendo ao decorrer da obra, o filme também conta com uma bela fotografia, que contrasta bem o cinza da Inglaterra com uma paleta amarelada do sudão.
As atuações, tanto de Wummi Mosaku como de Sope Dirisu estão ótimas, ambos entregam personagens cheios de trejeitos e com muitas dimensões, algumas exploradas e outras ficam mais na superfície, vale um destaque também a casa aonde quase todo o filme se desenrola, temos uma ótima composição de cena e um clima de aversão muito bem dado a residência.
"O que ficou para trás" não é um filme perfeito, temos um problema de ritmo que incomoda o telespectador e também temos um terceiro ato muito disparo do restante da obra, mas no conjunto geral temos um ótimo filme. NOTA 8/10