De uns tempos pra cá vem ficando frequente assistirmos filmes em que a direção deixa a cargo do telespectador a interpretação do seu roteiro. Mas especificamente do seu final. Conseguimos observar isso em filmes recentes como: "Mãe (de 2017)" (principalmente) e "Nós (de 2019)".
Não gosto muito de filmes com essa abordagem. Quando isso acontece, acredito que o roteirista tira a responsabilidade dele e coloca toda em cima do telespectador. Fica um filme sem desfecho e de livre interpretação. Isso aconteceu claramente no filme "Mãe", no qual o diretor chegou a dizer que o filme pode ter diferentes finais dependendo de como tenha sido a experiência do telespectador durante o filme.
Só que essa livre interpretação dá aquela sensação de: "Se você interpretou o filme de uma forma não satisfatória, você não foi capaz (o famoso 'filme para poucos'). Se você interpretou de forma positiva e mirabolante, você é um gênio e o filme é uma obra prima".
"O Que Ficou Pra Trás" (na verdade uma tradução bizarra do título original que é "His House" e que é quase um spoiler) começa de forma muito promissora. Tem um 1º ato muito bom que aborda temas polêmicos como refugiados, condições em países com IDH baixo e questões raciais (mesmo que abordado de maneira indireta, não é em nenhum momento sutil). Depois no 2º ato começa o terror que é até abordado de maneira legal no início, porém, depois começa a se tornar repetitivo e cansativo.
Mas, na minha opinião, no 3º ato que o filme se perde. Apesar de ter um final que (na minha visão) é até fácil de ser entendido, deixa muitos pontos em aberto (o que dá a sensação de livre interpretação). Como o aparecimento da entidade que pra mim é explicada de maneira muito superficial e nada clara. Essa entidade não me desceu e não adianta justificar que aquele motivo dado pelo filme seja o suficiente para um casal ser perturbado por uma entidade. Acho que seria mais fácil seguir o caminho da sanidade dos personagens (aí a livre interpretação).
Não achei as atuações boas. Só gostei da atuação do protagonista.
"O Que Ficou Pra Trás" é um filme que começa de maneira muito boa, mas tem uma condução declinante e não termina bem. Tem um plot twist que poderia ser muito melhor aproveitado. Jump Scares, que salva diversos filmes, também não são bons.
Dá pra ser assistido, mas não chega a ser essa maravilha toda que pintam.