A Noite da Virada até poderia ser um bom filme de comédia brasileira, mas peca pelo excesso (e em alguns momentos pela falta dele). O longa narra as aventuras de seis conhecidos que se reúnem, com dezenas de outras pessoas, na casa de Ana (Júlia Rabello) para comemorar a chegada de mais um ano. E aí que começa a surgir os primeiros problemas do roteiro: se é uma festa de Ano Novo, imaginamos, antes mesmo do filme começar, que os personagens (ou a maioria deles) têm algumas superstições e metas para o novo ano. Porém, não é isso que acontece; apenas, Ana, que se dedica aos preparos da festa, pois acredita que essa será uma boa maneira de começar o novo ano com o pé direito; Alê (Luana Martau), que por não conseguir pular as setas ondas tem uma outra ideia não muito brilhante; e Duda (Paulo TIefenthaler), que quer deixar os problemas conjugais pra trás. Já os outros personagens do elenco principal, Rosa (Luana Piovani), Mario (Marcos Palmeiras), Rica (João Vicente de Castro) e Sofia (Martha Nowill) parecem que estão indo apenas para mais uma festa de final de semana. Porém, se o filme escolheu a comemoração de um ano novo como pano de fundo, isso deveria ser melhor explorado.
As cenas principais do filme, que acontece durante a comemoração do Ano Novo, se passam dentro dos dois banheiros da casa de Ana. Confesso, que não ficou muita clara para minha a intenção do diretor com tais escolhas. Além disso, Ana convidou centenas de pessoas para a festa, mas nas imagens vemos que não foram tantos convidados assim.
Em meio ao roteiro fraco e uma festa de Ano Novo nada convincente, três atores coadjuvantes não mostraram a que veio: Anselmo Vasconcelos, que é o patrão machista e sem graça de Ana; Taumaturgo Ferreira, o Paulão, um traficante que passa boa parte do filme sem uma atuação muito expressiva; e, Rodrigo Sant'Anna, o Fumaça, que durante todo o filme fica praticamente num monólogo, sem nada a acrescentar ao roteiro principal (talvez neste último caso, a escolha de Rodrigo para compor o elenco do filme, se justifica apenas pela popularidade do ator). Se o elenco se limitasse apenas aos seis atores principais, além de poucos coadjuvantes, como Daniel Furlan e Juliano Enrico, talvez a história ganhasse um pouco mais de fôlego e de graça.
Já o final do filme (e da festa) é tão insonso, quanto o próprio desenrolar do longa!