Sabe quando imaginamos aquele momento no passado que poderia ser melhor? Essa é a ideia básica de qualquer história de viagem no tempo. Em resumo, os personagens voltam para mudar algo no passado, normalmente algo bem importante que poderia moldar o mundo. E é exatamente isso que os personagens fazem em Projeto Almanaque quando descobrem um documento secreto que lhes instrui como montar uma máquina do tempo. E eles o fazem como um projeto científico bastante empolgante. Mas com tantas possibilidades levantadas para se fazer com uma máquina do tempo, incluindo matar Hitler (essa possibilidade não poderia passar batida), o que não era possível como sempre, eles decidem apenas curtir. O que é bom, porque eles têm tempo, não apenas porque construíram uma máquina épica, mas porque são jovens, garotos e garotas querendo aproveitar. E no meio da diversão, quando só tinham que continuar com aquele plano esfuziante, uma paixão muda o rumo da história, de modo que o garoto vai voltando, voltando e voltando para acertar e com isso traz consequências. Em meio a um turbilhão de sentimentos e pensamentos que nos remetem ao desejo do protagonista de ingressar no MIT, o que não ocorre, somos mais uma vez (porém longe de ser clichê) conduzidos a conclusão aparentemente óbvia de que a máquina do tempo é um perigo, "é maior do que todos nós", é uma empreitada arriscada, mas chegamos lá de um jeito tão desconcertante e gracioso que, longe de colocar a máquina do tempo no centro do palco, Projeto Almanaque é mais sobre decisões, tem a ver com as intenções dos jovens de mudar o que aconteceu lá atrás, eventos, fenômenos e tudo registrado nos livros de história e nas páginas de Internet e que sentimos o desejo de que fosse diferente, mas que só o simples ato de tentar, construindo uma máquina do tempo (mesmo que não tenhamos a doce pretensão de ir pro MIT) iria resultar em mais problemas e não em menos, então ficaríamos ocupados demais com o loop e nosso projeto de um mundo melhor seria só um projeto.