The Batman
O mais novo "Batman" é dirigido por Matt Reeves (Planeta dos Macacos O Confronto e A Guerra), que escreveu o roteiro com Peter Craig (Jogos Vorazes: A Esperança Parte 1 e O Final). É estrelado por Robert Pattinson como Bruce Wayne / Batman, ao lado de Zoë Kravitz, Paul Dano, Jeffrey Wright, John Turturro, Peter Sarsgaard, Andy Serkis e Colin Farrell. O longa nos mostra uma nova história do Batman, que luta contra o crime em Gotham City há dois anos, descobrindo a corrupção e buscando a vingança, enquanto persegue o Charada (Paul Dano), um enigmático serial killer que tem como alvo a grande elite de Gotham.
De antemão já adianto que este filme do "Batman" junto com "Batman: O Cavaleiro das Trevas", do Nolan, são os dois melhores filmes do Homem-Morcego que eu já assisti em toda a minha vida.
Realmente não é nada fácil contar um nova história do Batman hoje em dia, visto que o super-herói já teve inúmeras adaptações para as telonas ao longo desses quase 60 anos. Foi um desafio muito grande para o diretor Matt Reeves e o roteirista Peter Craig, mas eu devo admitir que eles mandaram super bem, fizeram um trabalho completamente fantástico e satisfatório, beirando a perfeição. O novo "Batman" é incrivelmente bom, mais uma vez a DC/Warner acertou a mão (como fez em Mulher Maravilha e Coringa), e olha que não é sempre que isso acontece, pois ao mesmo tempo que os studios nos entregam verdadeiras pérolas das adaptações das HQs, também temos diversas bombas (olá Liga da Justiça).
Matt Reeves nos traz um Batman diferente, totalmente sombrio, com uma pegada mais dark, mais obscura, mais mórbida, a própria Gotham City está repaginada e imersa nesse clima gótico, tenebroso, denso, escuro, o que nos dá uma dimensão do que esperar do novo protagonista. Exatamente nesse mesmo clima que entra o nosso protagonista, pois aqui temos uma nova versão do Batman, dessa vez mais frio, mais introspectivo, mais tenebroso, cada vez mais o Cavaleiro das Trevas, com um ar melancólico e depressivo mas sempre brutal e implacável.
O próprio filme nos é apresentado em praticamente 100% do seu tempo em um estilo mais sombrio e obscuro, o que favorece diretamente o Batman, pois aquela Gotham City mais escura e com a chuva forte caindo, e o personagem aparecendo de fundo com sua nova armadura escurecida e aquele seu ar mórbido, é uma cena que podemos chamar de obra-prima das adaptações (como várias cenas que tivemos ao longo da trama e principalmente a cena inicial da primeira aparição do Homem-Morcego).
O roteiro é outro ponto que me agradou muito!
Achei um roteiro bem pensado, bem idealizado, em decidir seguir por uma lado mais investigativo e não mergulhar na ação desenfreada, o que me remete diretamente em filmes como "Seven", pelo seu tom investigativo e policial, e até a própria franquia "Jogos Mortais", pelo seu tom mais macabro e sombrio praticado nos assassinatos - eu achei essa ideia genial. Outro ponto que preciso destacar, o direcionamento que a história seguiu desde o seu início, pois este não é um filme de origem mas de amadurecimento, dado aos acontecimentos passados dos pais do Bruce Wayne, e até pelo fato do próprio Bruce Wayne ainda ser jovem e está enfrentando reviravoltas e acontecimentos em sua vida, que até então soava como descobertas para ele, tanto pelo lado dos seus poucos aliados quanto pelo lado dos seus inimigos. Considero um ponto de enorme acerto do longa, pois já somos mergulhados diretamente em uma história do novo Batman em seu segundo ano de luta contra o crime em busca de vingança, e não em um novo início de tudo, nos mostrando mais uma vez todos os seus acontecimentos, como no maçante "Batman Begins" (também do Nolan).
Tenho que exaltar a direção de Matt Reeves, pois temos um trabalho afiadíssimo, muito competente. Todo o trabalho de câmeras de Reeves nos impressiona, desde os focos em ângulos mais aberto da cidade sombria, até os takes mais fechados entre os diálogos das idas e vindas do Batman e da Mulher-Gato. As cenas de lutas foram bem coreografadas e a câmera acompanhava precisamente cada detalhe, isso pode parecer bobo mas conta muito para a nossa imersão em cada cena. A fotografia de Greig Fraser (recentemente campeão do Oscar por Duna) é um trabalho absurdo, estonteante, pois aqui temos uma fotografia mais escura, com um tom mais denso, que nos maravilhou em 100% das cenas. A trilha sonora de Michael Giacchino (Planetas dos Macacos e Rogue One) é delicada e voraz, é tímida e suave, é densa e sombria, praticamente tudo se misturando em diferentes pontos da trama - uma trilha sonora muito bem acertada.
O Batman é o anti-herói mais famoso de todos os tempos e teve diversas interpretações no cinema. Ao todo foram sete versões do Cavaleiro das Trevas em filmes live-action, passando por: Adam West, Michael Keaton, Val Kilmer, George Clooney, Christian Bale, Ben Affleck e chegando no então Robert Pattinson. Pattinson ficou marcado negativamente por "Crepúsculo" ao longo de sua carreira (pelo menos aqui no Brasil), mas isso foi algo que ficou para trás e assim como a Kristen Stewart, que nos entregou o seu papel da vida recentemente em "Spencer", ele nos entrega o seu papel da vida nesse "Batman. Pattinson está magnificamente bem, uma atuação que surpreendeu à todos, muito pelas críticas que ele recebeu em sua escolha para viver o novo Homem-Morcego. Um Bruce Wayne introspectivo, complexo, depressivo, sombrio, macabro, que luta para alcançar respostas infindáveis em suas inúmeras questões familiares. Um Batman frio, tenebroso, brutal, implacável, que enfrenta tudo que pairar em sua frente, que luta por justiças almejando a vingança. Eu achei a atuação do Robert Pattinson perfeita, até mais sendo o Batman do que o Bruce Wayne, ele deu o ritmo certo, deu o tom certo, pra mim entra na lista do top 3 melhores Batmans dos cinemas, junto com Michael Keaton e Christian Bale.
Zoë Kravitz (Mad Max: Estrada da Fúria) é a nova Selina Kyle / Mulher-Gato, esta icônica personagem que já passou pelas mãos de Julie Newmar, Lee Meriwether, Eartha Kitt, Michelle Pfeiffer, Halle Berry, Anne Hathaway e Camren Bicondova. De fato Zoë não é a melhor Mulher-Gato de todas (posto este que sempre foi ocupado pela a minha preferida, Michelle Pfeiffer) mas deu o seu melhor na pela da personagem ao lado do Batman. Ela também tinha seus traumas e questões do seu passado em aberto, e também estava em busca de respostas, sempre se portando com uma figura forte e durona, ao mesmo tempo que se mostrava mais introspectiva e menos carismática, mas no fim eu achei que casou bem com o Batman, ainda não rolou aquela química mas está no caminho certo. Ainda falta um pouquinho para a Zoë Kravitz incorporar esse lado mais 'Bad Ass', mais 'Femme Fatale', que foi uma marca da personagem ao longo das produções passadas, mas com certeza ela vai ganhar bagagem nessa personagem e ainda vai nos surpreender, ela é uma ótima atriz.
Se há um membro da galeria de vilões do Batman que é claramente seu arqui-inimigo, bem, esse é o Coringa. Ainda assim, o Charada é definitivamente um dos oponentes mais valiosos do Homem-Morcego, com seu intelecto e estratégias muitas vezes provando ser um verdadeiro oponente para o maior detetive do mundo. Um personagem que já foi vivido por ninguém menos que o grande Jim Carrey, dessa vez dá espaço para o sempre genial Paul Dano (12 Anos de Escravidão), que também impõe a sua marca no personagem. Gostei bastante do Paul como Charada, ele soube ditar o ritmo certo do seu personagem metódico, sempre em uma medida correta e sem exagerar, o que poderia facilmente o transformar literalmente em uma piada. Porém ele me ganhou bastante com sua atuação, principalmente nas últimas partes do filme, onde eu acho que ele ganhou ainda mais relevância.
Colin Farrell (Demolidor - O Homem Sem Medo) é outro que nos chama bastante atenção, com seu enigmático Pinguim, papel que também já foi eternizado pelo icônico Danny DeVito. Destaque para o belíssimo trabalho de maquiagem feito no Colin Farrell, o deixando mais envelhecido e praticamente irreconhecível (tem um vídeo dessa transformação que é bizarro). Jeffrey Wright (007 - Quantum of Solace) como o inseparável James Gordon, muito bem no papel, deu uma grande contribuição para à trama sempre ao lado do Batman. John Turturro (da franquia Transformers) como o meio antagonista Carmine Falcone, que possui um fato curioso na história de vida da Selina Kyle. Outro que esteve bem, Turturro tem uma veia mágica para fazer esses tipos de personagens. Andy Serkis (eternamente esnobado pela academia, isso não é um filme é uma constatação) como o eterno mordomo Alfred, papel imortalizado pelo gênio Michael Caine na trilogia Nolan. E completando com Peter Sarsgaard (recentemente esteve em A Filha Perdida) como Gil Colson, que teve uma breve participação, mas sempre de forma imponente.
Realmente "Batman" foi um grande acerto da DC/Warner, um filme que a princípio eu não dava nada, mas me surpreendi positivamente por contar com uma ótima direção, um bom roteiro, ótimos efeitos visuais, uma boa cenografia, uma boa direção de arte, uma linda fotografia, bem montado, bem editado e bem atuado. De fato as quase 3h de duração não me incomodou em nenhum momento, ao contrário, não vi o tempo passar, pois o filme me prendeu em todos os milésimo de segundos.
Agora é aguardar ansiosamente as duas sequências que estão planejadas e as duas séries de televisão spin-off que estão em desenvolvimento para o HBO Max. [29/04/2022]