Bohemian Rhapsody não é só o título da cinebiografia do cantor Freddie Mercury, dirigida por Bryan Singer. Também é o nome de uma das canções mais clássicas da banda Queen. Originalmente encartada no disco A Night at the Opera, de 1975, cuja pré-produção está retratada no filme, “Bohemian Rhapsody” é um dos maiores sucessos do grupo. Com 5 minutos e 50 segundos de duração, é uma música de estrutura bastante inovadora, sem refrão e contendo uma mistura de rock, hard rock e ópera.
Podemos considerar Bohemian Rhapsody como uma cinebiografia de livre inspiração na história de Freddie Mercury. O roteiro escrito por Anthony McCarten toma certas liberdades, especialmente no que diz respeito à natureza do relacionamento entre Freddie e sua família. O filme deixa subentendido que os pais não aceitavam a opção sexual do seu filho, nem sua carreira, muito menos o fato de que Freddie negou muito as suas origens como descendente de parsis zoroastrianos. No entanto, a realidade é que Freddie sempre foi muito próximo à sua família e os pais acompanharam de perto a sua trajetória pessoal e profissional.
Liberdades à parte, Bohemian Rhapsody tem como eixo principal, na realidade, a transformação de Farrokh Bulsara em Freddie Mercury e o quanto a sua persona pública intensa, criativa, que buscava sempre fazer algo novo e inimaginável, foi consumindo-o ao ponto de ele ter perdido o contato com tudo aquilo que ele verdadeiramente era. Bohemian Rhapsody mostra que Freddie Mercury era um cantor e artista extraordinários, mas que ele era muito melhor quando acompanhado de Brian May, Roger Taylor e John Deacon, seus companheiros do Queen.
Por isso mesmo, Bohemian Rhapsody encontra seus melhores momentos quando a vibração e a ousadia do Queen estão em tela. Apesar da linha temporal bastante confusa e da produção tempestuosa (o diretor Bryan Singer foi demitido semanas antes do fim da produção, após desavenças com a equipe, em especial com seu ator principal), o filme termina de forma muito corajosa,
com a sequência inteira dos 20 minutos de show do Queen no Live Aid, em 1985
. Nesse ato final, estão potencializados tudo aquilo que fazem de Bohemian Rhapsody um bom filme, em especial: a reconstituição da época, a caracterização perfeita dos integrantes do Queen e a atuação maravilhosa de Rami Malek, que incorpora sua personagem de uma maneira visceral.