Falcão e o Soldado Invernal (The Falcon and The Winter Soldier)
"Falcão e o Soldado Invernal" é uma minissérie do Marvel Studios criada por Malcolm Spellman para o serviço de streaming Disney+, e dirigida por Kari Skogland. A série se passa seis meses depois que Sam Wilson recebeu o escudo do Capitão América em "Vingadores: Ultimato". Sam se une a Bucky Barnes para impedir antipatriotas que acreditam que o mundo era melhor durante o Blip. Eles voltam a trabalhar juntos para conter uma nova ameaça em uma trama que conta ainda com uma nova participação de Zemo e Sharon Carter.
Ao final de "Vingadores: Ultimato" temos uma cena completamente emblemática, que é exatamente a cena em que Steve Rogers entrega o escudo do Capitão América para Sam Wilson (Anthony Mackie), o Falcão. O desejo de Steve era que Sam assumisse o seu escudo e se tornasse o novo Capitão América. "Falcão e o Soldado Invernal" parte exatamente dessa premissa, onde temos Sam em uma crise de consciência se deve ou não aceitar tamanho fardo e tamanha responsabilidade imposta ao assumir o escudo e se tornar o Capitão América. Por outro lado temos a adição na série de Bucky Barnes (Sebastian Stan), o Soldado Invernal. Bucky também carrega a sua crise de consciência por tudo que ele cometeu no passado, e busca a redenção ao tentar voltar a integrar a sociedade logo após ter sido curado em Wakanda.
Eu achei uma jogada de mestre em reunir o Sam e o Buck em uma série que abordasse os acontecimentos de ambos logo após "Vingadores: Ultimato", ou seja, o Marvel Studios conseguiu novamente criar uma série que saísse do papel e se tornasse algo grandioso, assim como já havia conseguido com "WandaVision". O Marvel Studios realmente aprendeu a fórmula de criar e desenvolver uma boa série que nos cative por inúmeras ligações e acontecimentos curiosos, assim como sempre conseguiram com os filmes ao longo de todos esses anos.
"Falcão e o Soldado Invernal" levanta e aborda várias questões e discursos sociopolíticos, se concentra em questões raciais e políticas levantadas por Sam, um homem negro que recebeu o escudo do Capitão América com o desejo de se tornar o próprio. A Marvel teve uma grande sacada e foi cirúrgica ao abordar e trazer toda essa questão racial para a série, que envolvia diretamente o personagem do Sam, por ele passar por todo aquele período de aceitação ao início. Este é o ponto de maior acerto na série, toda a abordagem construída envolta de Sam, por ele se achar digno ou não em aceitar ficar com o escudo e se tornar o novo Capitão América, por outro lado esse período de aceitação envolve toda uma questão racial imposta pelo governo americano, em aceitar ou não um Capitão América negro, que não tinha o soro de super soldado, não tinha os cabelos loiros e nem os olhos azuis. Um roteiro muito pertinente, muito bem escrito e transplantado para a tela.
Bucky Barnes está bem introduzido na série, apesar dele ficar quase que o tempo todo na sombra do Sam, e o próprio Sam ser um personagem mais bem escrito e desenvolvido na série. Porém, Buck consegue se destacar e buscar toda aquela redenção que vimos logo de início. Outro personagem que me chamou muito atenção foi o Capitão América de John Walker (Wyatt Russell). Um personagem que inicialmente eu achei um pouco deslocado e perdido na trama, mas nos últimos três episódios ele cresce incrivelmente, notavelmente, chegando ao ponto de me impressionar e até cogitar em aceitá-lo como o verdadeiro Capitão América. O Capitão América de John Walker tem todo um ar de superioridade e uma autoconfiança invejável, chegando ao ponto de se transformar ficando praticamente cego ao exibir um sadismo em seus atos. Grande personagem, mais um grande acerto da Marvel na série, estabelecendo e nos apresentando um novo personagem que poderá ser utilizado no futuro.
Ainda tivemos mais participações curiosas dentro da série, como é o caso de Zemo (Daniel Bruhl), o terrorista Sokoviano responsável pela separação dos Vingadores em "Capitão América: Guerra Civil". Zemo é um personagem complexo que perdeu tudo e está pagando por seus crimes, como vimos na série. Sharon Carter (Emily VanCamp) é outra personagem muito intrigante na série. A ex-agente da S.H.I.E.L.D. que está fugindo do governo americano desde que foi vista pela última vez em "Guerra Civil". Temos um cena pós-créditos com ela ao final do último episódio bastante curiosa, que me faz pensar que tanto ela quanto o Zemo poderão serem utilizados nos futuros projetos dentro do MCU. Karli Morgenthau (Erin Kellyman) é a líder dos Apátridas, um grupo anti-patriotismo que acreditam que o mundo estava melhor durante o Blip e estão lutando pela abertura das fronteiras nacionais. Karli me pareceu uma personagem confusa na trama, pois sinceramente eu não sei como quiseram retratá-la na série...uma vilã, uma terrorista, ou apenas alguém que estava querendo que sua voz fosse ouvida pelo governo. Mas confesso que eu a classifico como uma vilã mesmo, principalmente como os desdobramentos que ocorreu no último episódio. Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus) me deixou bastante curioso em saber quais eram as suas reais intenções, principalmente em relação ao John Walker, que ela recrutou ao final da série, o que me deixou pensando em várias hipóteses para a sua personagem em um futuro promissor.
"Falcão e o Soldado Invernal" acerta em umas coisas e falha em outras, como no caso dos três episódios iniciais, que peca exatamente no ritmo vagaroso e toda a construção que nos situa entre todos os personagens da trama. Porém, logo a partir do quarto episódio em diante a série cresce muito de produção, se eleva em um grau altíssimo de entretenimento ao nos apresentar uma trama mais elaborada, mais centrada, mais convincente, com um ritmo adequado, com discursos ácidos e uma conclusão certeira e esperançosa.
"Falcão e o Soldado Invernal" é mais uma bela série do Marvel Studios, que está em pé de igualdade com "WandaVision". O último episódio da série me deixou bastante esperançoso e motivado pelo quarto filme do Capitão América que está em desenvolvimento. Realmente a série foi muito bem desenvolvida e teve uma conclusão propícia que estabelece novos rumos para o Universo Cinematográfico da Marvel no cinema e na TV. [24/07/2022]